A polícia moçambicana confirmou a morte de, pelo menos, 52 jovens por insurgentes durante um ataque a uma aldeia do distrito de Muidumbe, na província nortenha de Cabo Delgado, onde, na passada sexta-feira, os atacantes mataram outras seis pessoas no distrito de Meluco.
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O porta-voz do Comando-Geral da Polícia de Moçambique, Orlando Mudumane, disse que os jovens foram mortos, na primeira semana de abril, alegadamente por se terem recusado a integrar as fileiras da insurgência.
Veja Também Analista descarta eventual apoio da Renamo na luta contra os insurgentes de Cabo DelgadoMudumane afirmou que os insurgentes "tentaram, sem sucesso, recrutar jovens para integrarem as suas fileiras, e na sequência disso, os malfeitores alvejaram mortalmente 52 jovens na aldeia de Chitachi, distrito de Muidumbe".
Entretanto, a publicação Carta de Moçambique noticiou, esta segunda-feira, 20, que seis corpos foram encontrados, na passada sexta-feira, próximo da aldeia de Nangalolo, distrito de Meluco, com sinais de terem sido decapitados, uma vez que as cabeças estavam separadas dos restantes órgãos do corpo humano.
Ainda nesta segunda-feira, o Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), citando fontes militares, indica que a facilidade com que os insurgentes assaltam as sedes distritais "aumentou o sentimento de insegurança e de abandono no seio das populações, e colocou vilas e cidades, incluindo a capital provincial, Pemba, em estado de alerta máximo".
"O avanço da insurgência", diz o CDD, " está a criar um mal-estar no seio das forças de defesa e segurança, havendo, inclusive, suspeitas de envolvimento de oficiais das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), sobretudo no apoio logístico e no fornecimento de informações estratégicas".
"Quase sempre, as nossas posições são atacadas depois de receber abastecimento. As emboscadas também acontecem contra colunas que levam alimentos, armamento e fardamento aos colegas que estão no terreno", refere o CDD.
Para o analista Fernando Lima, "aquilo que estamos a assistir em Cabo Delgado é o recrudescimento das ações militares e uma cada vez maior dificuldade das forças de defesa e segurança em enfrentar" a insurgência.
Contudo, o ministro moçambicano da Defesa Nacional, Jaime Neto, nega que as forças de defesa e segurança estejam a fracassar em Cabo Delgado, considerando que "se nós estivéssemos a fracassar, penso que os insurgentes já estariam noutra província".
Por seu turno, a economista Inocência Mapisse alerta para graves consequências, caso não haja solução para os ataques armados em Cabo Delgado, "porque é uma situação que coloca desafios não apenas do ponto de vista político e orçamental, mas também das condições de vida das pessoas, que estão a morrer e outras que têm estado a deslocar-se de um ponto para o outro".
Os ataques naquela província começaram em 2017, e a ministra da Administração Estatal e Função Pública, Ana Conwana, diz que o número de afectados subiu de 152 mil para 162 mil.
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