Polícia moçambicana ativa alerta sobre tráfico humano em Manica

Inchope, Manica,

A Polícia da Republica de Moçambique (PRM), na província de Manica, reativou o alerta sobre o tráfico humano, após abortar dois novos casos de tentativa de tráfico de duas crianças numa semana.

A informação foi avançada à VOA nesta sexta-feira, 28, por Mateus Mindu, porta-voz daquele comando.

Na quarta-feira, 24, a Polícia deteve uma anciã de 50 anos e suas duas filhas, suspeitas de tentar vender um sobrinho de quatro anos de idade na vila de Gondola.

A polícia revelou que o menor foi retirado da casa do irmão da anciã, num subúrbio da vila de Gondola, no dia 22, e mantido em cativeiro quando decorriam as negociações para a sua transferência para a vila de Messica (distrito de Manica), onde seria vendido a um valor de um milhão de meticais (cerca de 15 mil dólares americanos).

No passado dia 17, a Polícia deteve uma jovem, de 19 anos, na fronteira com o Zimbabwe, quando esta tentava traficar uma menor de 14 meses para aquele país vizinho, para supostamente vender a mandante, uma empresária zimbabweana de renome.

“Este é o segundo caso neste mês, mas trabalhos intensos estão em curso envolvendo a PRM e a Serviços de Investigação Criminal com vista a combater de forma cerrada este tipo de crime, para que não se alastre em toda a província”, disse Mateus Mindu.

Em Janeiro, um homem foi detido suspeito de tentar vender duas filhas de seis e nove anos de idade para liquidar uma dívida de 65 dólares americanos em Mossurize.

As várias linhas operativas, segundo Mindu, continuam no terreno para “deter” a rede de traficantes e responsabilizar os mandantes, cujos rastos estão sendo seguidos pelas polícias de Moçambique e do Zimbabwe.

“Contamos com a denuncia da população (sobre os traficantes)” afirmou Mateus Mindu, assegurando que os processos contra os suspeitos detidos já foram remetidos a justiça.

Refira-se que as autoridades de Justiça em Manica colocaram em 2012 a província em “alerta vermelho”, após considerar “alarmante” a subida de casos de tráfico de pessoas e de órgãos humanos.

Desde então uma campanha das autoridades encerrou dezenas das 250 seitas oriundas do Zimbabwe e África do Sul, países vizinhos de Moçambique, após associar a intensificação de implantação das seitas com o aumento de tráfico de crianças, porque as doutrinas permitiam que crianças fossem casadas com pastores e ou levadas para o exterior sem controlo.

Na maioria dos casos, o tráfico humano é ligado à extração de órgãos para rituais satânicos de enriquecimento ilícito, segundo a Policia.