A Direcção dos Serviços Prisionais de São Tomé e Príncipe e a Liga dos Direitos Humanos acusam agentes da Polícia Judiciária (PJ) de terem torturado até a morte um foragido da justiça, que decidiu entregar-se na sexta feira, 26, às autoridades da Cadeia Central.
Nelson Neves esteve foragido durante cerca de dois meses depois de ter sido acusado de tentativa de homicídio à sua companheira.
O director dos Serviços Prisionais de São Tomé e Príncipe, Lazaro Afonso, diz não ter dúvidas que o recluso foi morto pelos agentes da PJ, depois de ter sido conduzido àquela instituição para procedimentos legais.
“Estou triste, estou de luto. Matar não vem no estatuto de nenhuma polícia. Temos que cumprir a lei”, lamenta Lazaro Afonso.
O presidente da Liga São-tomense dos Direitos Humanos, Óscar Baía, também condena o acto, após o resultado da autópsia.
“O crime cometido pelos agentes da Polícia Judiciária supera o que foi cometido pelo malogrado”, aponta Baía.
Os familiares pedem justiça.
“Ele veio se entregar. Não deveriam ter feito isto. Queremos justiça. O agente “África” quando batia nele dizia: Morre aqui nos meus pés para eu te ver”, afirma uma irmã da vítima que não se identificou.
Por sua vez, o director adjunto da PJ, Avelino Quaresma, diz que o recluso sentiu-se mal depois de ter sido conduzido à corporação, pelos Serviços Prisionais, e anunciou a abertura de um inquérito “disciplinar e criminal para apurar responsabilidades”.
Nelson Neves fugiu da cadeia há cerca de dois meses, depois de ter agredido a sua companheira com golpes de catana e acusado de agressão física e tentativa de homicídio.