A polícia da Guiné-Bissau dispersou uma vigília de trabalhadores da Radiodifusão Nacional (RDN) nesta segunda-feira, 11, na capital, em protesto contra a censura e o novo diretor do órgão, Mama Saliu Sane, que assumiu o cargo sem ser nomeado.
"Na passada quarta-feira, o senhor Mama Saliu Sane, antigo diretor-geral, chegou aqui com polícias e mandou reunir o "staff" que o diretor-geral, Baio Danso, nomeou e disse-nos que a partir daquele dia ele é que é o diretor-geral da Rádio Nacional", disse Filomena Tavares, membro da direção da RDN, quem reiterou que ele não foi “nomeado por ninguém".
Veja Também Guiné-Bissau: Sindicato de jornalistas denuncia ataques "por parte de alguns círculos de propagandas do regime"Os trabalhadores, entre eles vários jornalistas e técnicos, tinham velas acesas, em "sinal de luto", segundo Tavares, que classificou o ato como “um assalto à Radio Nacional, uma falta de respeito aos funcionários desta rádio que acompanhou o processo da independência da Guiné-Bissau e que está a trabalhar para o desenvolvimento do país".
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Entretanto, apesar da vigília estar prevista para durar todo o dia, a polícia dispersou os trabalhadores no momento em que o ato começou a chamar a atenção de outros meios de comunicação que aí se deslocaram e começaram a entrevistar os profissionais.
Refira-se que as instalações da RDN estão guardadas por membros da força de segurança e de estabilização da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental e da Polícia de Intervenção Rápida.
Veja Também Guiné-Bissau: Imprensa, outra vez, sob pressãoO Sindicato dos Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social (Sinjotecs) manifestou em comunicado na semana passada a sua preocupação com a situação da imprensa, desde a invasão da rádio e da televisão públicas.
Em entrevista à Voz da América, o secretário-geral do sindicato, Diamantino Domingos Lopes, disse que há uma calma aparente no sector e que tem dado a conhecer a situação a organizações internacionais de defesa da liberdade de imprensa e dos jornalistas.