Denúncias de intimidação da Polícia Nacional de Angola (PN) foram ouvidas em Benguela no primeiro dia de greve na função pública, nesta terça-feira, 4, com trabalhadores insatisfeitos devido ao que chamam de tentativa de boicote.
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Com cartazes à porta do Governo provincial, administrações municipais e departamentos ministeriais, centenas de trabalhadores pedem a actualização de categorias como medida para o fim de assimetrias salariais no regime geral.
"O mais importante é resolver o problema do povo, queremos actualização, os concursos públicos não resolvem nada", podia-se ler nos cartazes.
A cidade de Benguela acordou debaixo do ruído de trabalhadores que esperam por novas categorias há 10, 20 e até 30 anos.
Muitos grevistas disseram que agentes da PN tentaram impedir este exercício.
"Nós estamos aqui numa greve legal, convocada pelos sindicatos, mas a Polícia está a dizer para sairmos deste local. Está a dizer que estamos ilegais, não sabemos qual é a base", disse um dos grevistas.
O comandante municipal da corporação, Filipe Cachota, e um assessor administrativo, sem entrevista gravada, negaram qualquer tipo de intimidação, realçando que a manutenção da ordem foi a razão da presença de agentes.
Convocada pela Comissão Intersindical dos Sindicatos da Administração Pública, Saúde e Serviços, a greve tem duas fases, tendo a primeira a duração de três dias, de hoje até quinta-feira, 6.
Outros trabalhadores, em pontos que não registaram intervenção policial, manifestaram descontentamento nos seguintes termos
“É demais, muito tempo na mesma categoria, há muita diferença nos salários num mesmo regime. Os nossos ministros, nas visitas, não conversam com os trabalhadores", afirmou um dos presentes.
Também o sindicalista Custódio Kupessala, membro da Comissão Intersindical, lamentou a postura das autoridades.
"Os nossos dirigentes devem perceber que os cargos são uma dádiva de Deus, por isso devem olhar para o povo, para os funcionários, neste caso", salienta Kupessala, acrescentando que "os ministros mandam representantes para as negociações, pessoas sem poder de decisão".
O Governo angolano ainda não reagiu a esta paralisação na administração pública.