A cinco dias do fim dos Jogos Olímpicos, a agenda desportiva parece começar a dar lugar à agenda política, com a notícia da abertura de um inquérito determinado pelo Supremo Tribunal Federal à Presidente afastada Dilma Rousseff, ao ex-Presidente Lula da Silva e a dois antigos colaboradores dos líderes do PT por obstrução da justiça na operação Lava Jato. O pedido foi formulado pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, em Maio.
A notícia vem a público no dia em que se sabe que Dilma Rousseff começará a ser julgada pelo Senado no dia 25 e que o processo deverá ser concluído ainda na última semana de Agosto. Depois de ter recebido 59 votos a favor durante a votação da acusação, muito dificilmente a oposição não conseguirá os 54 votos necessários que determinarão a impugnação e consequente cassação do mandato de Rousseff.
A partir de então, tanto ela como Lula da Silva, ambos sem nenhum tipo de imunidade, deverão responder a vários processos na justiça. Entretanto, a temperatura poderá aumentar e já é visível em alguns locais de concentração de público, como no Boulevard Olímpico e nos complexos desportivos, pessoas com dísticos Fora Temer, o que pode antecipar protestos já a partir da próxima semana, ou seja depois de concluídos os Jogos Olímpicos.
A propósito, o Presidente em exercício já a anunciou que não estará na cerimónia de encerramento do Rio-2016 no domingo, um claro sinal de que pretende evitar protestos e não ser apupado como aconteceu na abertura dos Jogos.
II. Casa Brasil
Localizado na Pier Mauá, no centro do Rio de Janeiro, a Casa Brasil é um espaço acolhedor, imponente, mas sóbrio, que mostra ao visitante um Brasil histórico, cultural, tecnológico, desportivo e como mercado de investimentos. Cerca de 15 mil pessoas, entre brasileiros e estrangeiros, passam por aí diariamente e através de painéis, fotos, exposições, peças de artesanato e comida típica sentem as potencialidades desse “continente”, enquanto podem descansar nas típicas redes brasileiras e apreciar desde o voz e violão a uma orquestra.
A simpatia das pessoas marca, mas também os sinais de uma eterna potência que teima em marcar passo como um todo, mas que vai conseguindo chegar a novos patamares, em várias áreas. A localização é outra vantagem porque aponta para outro espaço, especialmente montado para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos.
III. Boulevard Olímpico
A partir das 13 horas e até as pernas aguentarem, o Bouvelard Olímpico, ao longo do porto e da Praça Mauá, é o espaço preferido de milhares de brasileiros e turistas. Lugar histórico, rodeado de barzinhos e restaurantes, agora tem a área dos “trucks” para venda sanduiches, empanadas, hamburgures, etc., com fácil acesso através do novo meio de transporte VLT, uma moderna versão do clássico eléctrico.
No Palco Tendências, pode-se ver durante a tarde e noite grandes artistas, como ontem a Elba Ramalho, assitir jogos através de écrans gigantes no meio de milhares de pessoas e andar, andar e andar ao lado do mar. Há muitas outras atracções, que têm levado famílias inteiras a esquecer que é inverno e que há por aí um mosquito que transmite o virus zika.
Mas a grande atração é, sem dúvidas, a tocha olímpica, ou pira, como dizem os brasileiros. Sempre acessa, não há iphone ou câmera fotográfica que não dispare quando passa por aí.
IV- Público vs Torcida
O público brasileiro tem sido alvo de críticas pelo seu comportamento que, na verdade, nem sempre tem acompanhado o espírito olímpico. O próprio presidente do Comité Olímpico Internacional Thomas Bach condenou essa atitude e a imprensa estrangeira também.
“Comportamento chocante do público que assobiou Renaud Lavillenie no pódio. Inaceitável em Jogos Olímpicos”, lê-se na mensagem de Bach reproduzida na conta oficial do COI no Twitter.
Na verdade, depois de ter estado em quatro eventos desportivos mundiais, tem chamado a minha atenção a “torcida” demasiado futebolística dos brasileiros, nada condizente com o espírito olímpico e com a conhecida simpatia dos brazucas. Tem sido uma nota dissonante, embora muitas vezes essa mesma torcida tenha sabido reconhecer os heróis.
Neste particular, Usain Bolt é o grande alvo da tietagem (idolatria) dos brasileiros. Por alguma razão, Neymar disse que estava desejoso de chegar aos Jogos Olímpicos para encontrar-se com Bolt. Até agora, desconhece-se se os dois já se avistaram.