A polícia distrital de Gondola, província de Manica, Moçambique, deteve dois jovens por suspeita de rapto e tráfico de uma criança.
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A criança desapareceu no Sábado de casa na bairro Josina Machel, tendo uma denúncia sido registada pela polícia, que viria a encontrar a menor na madrugada de domingo, nua mas em vida, na varanda de uma casa, onde os dois suspeitos partilhavam o domicílio.
Esperança Calisto, comandante distrital da Polícia de Gondola, disse que os dois suspeitos, agora detidos, terão sido vistos a chamar a criança, momentos antes dela desaparecer, quando a avó, com quem vivia, a tinha deixado na responsabilidade de uma vizinha, para fazer compras no bazar.
“Os indiciados dizem que não sabem nada, mas há uma pessoa que afirma ter sido contactado por um deles, para ir matar alguém e receberia esta pessoa 10 mil meticais, porque ele (um indiciado) havia recebido 30 mil de alguém”, declarou Calisto, afiançando que, juntando os factos “estamos a trabalhar para que nos indiquem (os indiciados) o tal patrão que lhe deu dinheiro para lhe arranjar órgão humanos”.
A avó da menor, Sofia Manuel, descreveu que a criança foi roubada e deixada nua num cativeiro no bairro de Mazicuera, a quase um quilómetro de distância da sua casa, onde ela ela não era alimentada, até ser resgatada pela população e pela Polícia.
A população em Gondola chegou a provocar um tumulto no comando distrital da Polícia, quando um grupo exigia que lhes fossem entregues os suspeitos para uma “justiça popular”.
Em paralelo, outros pediam uma “punição severa” para se travar a acção de tráfico humano.
Em Setembro, a polícia de Gondola deteve um homem por tráfico e tentativa de venda do seu próprio filho, supostamente para sustentar outra parte da familia que enfrentava fome e falta de roupas.
“O homem estava disposto a vender a criança viva, ou parte dos órgãos. No acto da detenção (no interior de um cemiterio no Inchope) ele levava uma catana para responder a qualquer pretensão do cliente”, precisou Esperança Calisto.
Em 2012 as autoridades de Manica activaram um “alerta vermelho”, em vigor até então, com a intensificação de casos de tráfico de seres e órgãos humanos.
Em 2013, foi iniciada uma investigação a várias igrejas, ao associar a “explosão” de implantação de seitas religiosas e centros de acolhimentos de crianças órfãs e vulneráveis ao aumento de casos de tráfico, sobretudo de crianças, na região.