O partido Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos) refutou nesta segunda-feira, 6, alegações de traição ou incumprimento por parte da organização liderada por Albino Forquilha no acordo feito com Venâncio Mondlane e reiterou que o partido manteve-se sempre dentro dos limites acordados.
Em comunicado enviado às redações, o partido diz que o candidato presidencial apoiado pelo Podemos "violou reiteradamente, e de forma grave, os termos do referido acordo".
Veja Também Assessor de Venâncio Mondlane diz que tomada de posse de deputados do PODEMOS é "traição"Este posicionamento surge em reação a afirmações recentes do assessor de Mondlane, Dinis Tivane, quem afirmou que a tomada de posse dos deputados do partido seria uma “traição”.
“A tomada de posse do partido Podemos seria, sim, uma traição, porque o povo está a fazer uma luta, está nas ruas", disse Tivane num curto vídeo colocado na rede social Facebook no qual defendeu ainda a rejeição dos resultados promulgados pelo Conselho Constitucional
Veja Também Venâncio Mondlane anuncia regresso a MoçambiqueNo comunicado em que diz que o processo está encerrado, depois de ter esgotado todos os recursos legais, o Podemos afirma que a relação jurídica com Venâncio Mondlane assenta-se "num acordo político subscrito livre, consciente e voluntariamente pelas partes, mas jamais coloca em causa a independência dos mutuários do acordo".
Por isso, "qualquer análise sobre o cumprimento ou incumprimento das obrigações deve ser feita à luz deste acordo, que estabelece claramente os deveres e responsabilidades de ambas as partes", continua a nota assinada pelo secretário-geral Sebastião Mussanhane, que reitera não ser "possível sustentar alegações de traição ou incumprimento por parte do Podemos, que se manteve sempre dentro dos limites acordados, e muitas vezes subordinou-se a estratégias unilaterais da outra parte assumindo todas as consequências que daí advêm".
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O partido vai mais longe e assegura que "Venâncio Mondlane violou reiteradamente e de forma grave os termos do referido acordo, em múltiplas ocasiões, desde o período da campanha”.
O segundo partido mais votado a 9 de outubro, de acordo com os resultados proclamados pelo Conselho Constitucional, considera que o processo está juridicamente encerrado, apesar de Mondlane ainda reclamar por justiça eleitoral.
“O Podemos considera que o processo eleitoral, com todos os ilícitos, esgotou forma de resolução jurídica e culminou com a proclamação oficial dos resultados pelo Conselho Constitucional, decisão que encerra de forma irrevogável a matéria eleitoral, passando isto a outro nível de resolução que pode passar, não só por via de manifestações, mas também por concertação social entre todos os moçambicanos, de todas as forças vivas do país, independentemente das diferenças”, lê-se no comunicado.
A nota confirma que os 43 deputados eleitos preparam-se para tomar o seu assento na Parlamento, visto que o partido considera que “está plenamente empenhado em contribuir para o avanço de Moçambique, participando de forma construtiva e institucionalizada na solução dos problemas que afetam o povo moçambicano".
"O Podemos continuará a colocar as questões do povo moçambicano como a sua principal prioridade, adotando uma postura participativa e responsável, sempre atento às atuais circunstâncias políticas e aos desafios que se colocam ao país”, conclui o comunicado do partido que vai liderar a oposição ao ter a segunda maior bancada parlamentar, depois da Frelimo.
A Renamo e o MDM também integram a Assembleia da República, onde o partido no poder detém uma maioria qualificada.
Refira-se que Venâncio Mondlane anunciou no domingo, 5, que regressa na quinta-feira, 9, a Maputo para dar início à nova fase de protestos contra os resultados eleições, que considerada fraudulentos, denominada "ponta-de-lança".