PNUD alerta que comunidades rurais de Cunene e Huíla têm comida para apenas seis semanas

Seca arrasa Cunene

Padre Pio acusa o Governo de se ter demitido da sua função assistencial.

Cerca de 400 mil pessoas podem ficar sem comida nas próximas seis semanas nas zonas rurais das províncias do Cunene e da Huíla, no sul de Angola, alerta o Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (PNUD).

A revelação é acompanhada por um “grito de socorro” do pároco dos Gambos, Jacinto Pio Wacussanga, que acusa o Governo de se ter demitido das suas funções.

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O relatório do PNUD referente ao período de 13 de Agosto a 13 de Setembro de 2016 dá conta que as comunidades rurais do Cunene e da Huíla têm reservas de comida para menos de seis semanas e que cerca de 400.000 pessoas precisam urgentemente de alimentos e de assistência.

A agência da ONU aponta ainda que a falta de água e a necessidade das comunidades de procurarem outros pastos para os animais estão a aumentar fortemente as taxas de abandono escolar na região.

O PNUD classifica a situação de "crítica para os pastores e para os pequenos produtores que já não têm animais de tracção para cultivar os campos agrícolas ou sementes para as novas colheitas”.

A mesma fonte avança que mais de 37 mil crianças com menos de cinco anos precisam de tratamento devido a má nutrição severa e estima que serão necessários 21 milhões de dólares para prestar apoio.

Governo demite-se

Padre Pio Wacussanga

O pároco dos Gambos Jacinto Pio Wacussanga disse à VOA que a situação está a atingir “a linha vermelha” e acusa o Governo central de, alegadamente, se ter demitido da sua função assistencial.

O conhecido padre Pio, também presidente da Associação Construindo Comunidades (ACC), considera que, em resultado das poucas chuvas registadas na região, muitas famílias de pastores passaram a dedicar-se a actividades precárias fora das comunidades.

A situação é muito grave e exige uma resposta urgente, concluiu Jacinto Pio Wacussanga.