A primeira-ministra do Bangladesh, Sheikh Hasina, demitiu-se do cargo nesta segunda-feira, 5, e saiu do país, depois de um ciclo de protestos e violência, que deixou centenas de pessoas mortas.
O chefe do Exército, general Waker-Us-Zaman, confirmou num discurso televisivo que Hasina tinha deixado o país e anunciou a formação de um Governo interino.
"Será formado um Governo provisório e através deste Governo serão realizadas todas as atividades do país", declarou Waker-Uz-Zaman, que apelou ao fim da violência e disse que a formação do Executivo provisório será agora discutida com o Presidente, Shahabuddin Chuppu.
Ele acrescentou que "os assassinos" e os responsáveis pelas "injustiças" cometidas contra os estudantes durante os protestos serão levados à justiça.
"Por favor, continuem a confiar no exército. Assumo toda a responsabilidade por salvar as vidas e as propriedades", concluiu o general na comunicação feita minutos depois de Hasina deixar o país.
Alguns meios de comunicação social disseram que a primeira-ministra deixou o país num helicóptero militar com a irmã e que se dirigiu para o Estado de Bengala Ocidental, no leste da Índia, do outro lado da fronteira.
Também há relatos de que ela terá seguido para o estado de Tripura, no nordeste da Índia.
Celebração nas ruas
A seguir ao anúncio, as televisões mostraram milhares de pessoas a sair para as ruas da capital, Daca, em júbilo e a gritar palavras de ordem.
Milhares invadiram também a residência oficial de Hasina, ‘Ganabhaban’, com palavras contra ela e os punhos em alto em sinal de vitória.
Apesar do recolher obrigatório em vigor, ativistas estudantis tinham convocado para hoje uma marcha até à capital para pressionar Hasina a demitir-se, um dia depois de confrontos mortais em todo o país terem feito quase 100 mortos.
Cerca de 150 pessoas foram mortas em protestos no mês passado.
Na segunda-feira, pelo menos seis pessoas foram mortas em confrontos entre a polícia e manifestantes nas áreas de Jatrabari e Dhaka Medical College na segunda-feira, informou o jornal Daily Star. A Reuters não conseguiu verificar de imediato a reportagem.
Os protestos começaram no mês passado, depois de grupos de estudantes terem exigido o fim de um polémico sistema de quotas em cargos públicos.
A repressão da polícia potenciou os pedidos de demissão da Chefe do Governo.
Daca —