O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, anunciou nesta quarta-feira, 20, de forma surpreendente, que vai demitir-se por considerar que não é “a melhor pessoa para o cargo”.
A demissão surge depois do fracasso do referendo para modificar referências às mulheres e à família na Constituição.
“Renuncio à presidência e liderança do Fine Gael e renunciarei ao cargo de primeiro-ministro assim que o meu sucessor puder tomar posse”, disse Varadkar, de 45 anos, visivelmente emocionado, que citou razões “tanto pessoais como políticas” para a sua demissão.
Ele lidera uma coligação de centro-direita, Fine Gael, desde dezembro de 2022, quando esse médico e homossexual tornou-se o mais jovem primeiro-ministro de uma Irlanda há muito conhecida por ser muito conservadora.
Na sua comunicação, Varadkar destacou ter tido o "privilégio de servir em cargos públicos durante 20 anos, incluindo 13 no Governo e sete como líder do meu partido, a maior parte dos quais como primeiro-ministro deste grande país.
“Depois de sete anos no cargo (à frente do seu partido), já não tenho a impressão de ser a pessoa mais indicada para este cargo”, admitiu o cessante chefe do Governo, acrescentando que "os políticos são seres humanos e têm os seus limites".
"Damos tudo até que não seja mais possível e aí temos que virar a página”, concluiu Leo Varadkar.
A demissão surge depois do fracasso do referendo proposto a 8 de março pelo Governo para modificar as referências às mulheres e à família na Constituição, escrita em 1937.
Mais de 67% dos cidadãos rejeitaram a proposta que pretendia alargar o conceito de família para além da noção de casamento e mais de 73% votaram contra o texto que pretendia retirar da Constituição o papel prioritário das mães na garantia dos "deveres domésticos" no lar.
Refira-se que a demissão de Varadkar como líder da coligação de três partidos não desencadeia automaticamente eleições gerais e ele poderá ser substituído por um novo primeiro-ministro.