A Procuradoria-Geral da República (PGR) de Moçambique pediu no Tribunal Comercial de Londres, no Reino Unido, 3,1 mil milhões de dólares ao grupo Naval Privinvest e ao proprietário, Iskandar Safa, por danos, compensação e indemnização no conhecido caso das "dívidas ocultas".
O pedido foi feito na abertura do julgamento nesta terça-feira, 17, pelo advogado da PGR, que destacou a"escala e velocidade chocantes" da fraude e corrupção cometidas por aquele empresa com sede no Dubai.
Joe Smouha enumerou os atos que considerou serem de corrupção e fraude da Naval Privinvest e seu proprietário e criticou os bancos de procurarem "ganhos comerciais rápidos à custa da população e fechando os olhos ao que era óbvio a qualquer banqueiro".
Para aquele defensor, segundo o portal Carta de Moçambique, que cita a agência Lusa, o julgamento dá "finalmente voz ao povo de Moçambique", que está"sobrecarregado com pobreza e dívida".
A Privinvest é acusada de subornar funcionários públicos, entre eles o então ministro das Finanças Manuel Chang, para aprovarem contratos e o financiamento de empréstimos às empresas estatais Proindicus, Ematum e MAM, num projeto que visava proteger a costa moçambicana e desenvolver a indústria do atum.
Moçambique também acusa a empresa e o seu proprietário Iskandar Safa de subornarem funcionários dos bancos Credit Suisse e VTB, Rússia, que facilitaram os financiamentos.
Tanto Safa como a Privinivest negam as acusações.
No fim de Setembro, a PGR de Moçambique chegou a um acordo com o Credit Suisse e retirou as acusações contra o banco que, por sua vez, renunciou à dívida de 450 milhões de dólares.
A revelação dos números foi feita hoje pelo advogado Joe Smouha.
Recorde-se que 19 pessoas foram condenados a vários de prisão em Moçambique no âmbito deste caso despoletado em 2015, entre elas o filho do antigo Presidente Armando Guebuza, Nhambi Guebuza, e Manuel Chang aguarda o julgamento numa prisão em Nova Iorque, Estados Unidos, a acusações de ter fraudado investidores americanos.