PGR angolana investiga caso "São Vicente" na Suíça

Depois de meses de inação, as autoridades judiciais angolanas decidiram acelerar as investigações a centenas de milhões de dólares congelados em contas bancárias do empresário Carlos São Vicente na Suíça.

A Procuradoria-Geral de Angola (PGR) enviou a diretora do Serviço Nacional de Recuperação de Ativos, Eduarda Rodrigues Neto, àquele país para conhecer os detalhes do caso, enquanto os irmãos do primeiro Presidente Agostinho Neto publicaram uma carta em que se distanciam das ações de Carlos São Vicente, casado com uma filha do antigo líder do MPLA e do país.

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A agência de notícias angolana Angop revelou que Neto abordou, na sexta-feira, 11, em Berna, com as autoridades judiciais da Suíça o processo referente a 900 milhões de dólares depositados na conta de São Vicente.

O dinheiro foi depositado de forma ilícita, segundo a agência, acrescentando que Eduarda Neto entregou uma carta rogatória às autoridades suíças, cujos detalhes não foram divulgados.

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A Angop também não deu outros pormenores sobre as discussões que aquela responsável manteve em Berna sobre o que disse serem “processos que envolvem altos funcionários nacionais da Administração do Estado que, de forma criminosa, transferiram fundos públicos para o exterior do país, lesando gravemente os interesses do Estado angolano”.

Irmãos Neto posicionam-se

Entretanto, ante as notícias que têm vindo a público, os irmãos de Agostinho Neto emitiram um comunicado em que asseguram “categoricamente total demarcação dos referidos atos, dos quais em momento algum tiveram conhecimento”.

José Agostinho Neto e Irene Agostinho Neto apelam também às autoridades e à imprensa para que, em busca da verdade dos fatos, dissociem “a figura e o bom nome do Presidente Neto e da família de todo este processo”, afirmando ainda ser importante “não estabelecer uma relação entre a matéria sob investigação e o legado histórico de Agostinho Neto”.

Carlos São Vicente é casado com Irene Neto, filha do antigo Presidente Neto, que morreu antes desse casamento.

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O caso

As autoridades suíças disseram que existiam também contas na Suíça em nome de diversos familiares de São Vicente, incluindo da esposa dele, mas desconhece-se se com ou sem on consentimento deles.

A 8 de setembro, a PGR anunciou a apreensão de edifícios e hotéis pertencentes à AAA, uma empresa associada a Carlos Manuel de São Vicente, depois das autoridades suíças terem congelado uma conta com 900 milhões de dólares do empresário.

A AAA tinha afirmado anteriormente possuir 86 edifícios ,incluindo um que pertence à cadeia de hotéis Ika e outros 12 que são os hotéis IU.

Constituídos com fundos públicos, os imóveis passam a ter como fiel depositário o Cofre Geral da Justiça, conforme a nota oficial da PGR.