A Procuradoria-Geral da República (PGR) de Moçambique abriu processos-crimes contra quatro polícias e 10 civis alegadamente envolvidos na violência do dia 18 de Março, quando a polícia reprimiu em várias cidades marchas de homenagem ao rapper Azagaia, morto no dia 9 daquele mês.
A informação foi avançada nesta quinta-feira, 20, pela PGR, Beatriz Buchili na Assembleia da República, onde respondia a perguntas dos deputados sobre o estada da justiça depois de ontem ter apresentado o seu informe anual.
Veja Também Moçambique: PGR destaca luta à corrupção e Renamo diz que combate está perdidoOs processos-crime foram instaurados, em Maputo, Nampula e Manica e um deles está directamente relacionado com um manifestante que perdeu a vista devido a uma bala de borrada disparada pela polícia na capital.
Aumento de processos-crime por tráfico de drogas e crimes informáticos
Outro processo, segundo Buchili, entre os acusados estão agentes da polícia que terão de responder por ofensas corporais qualificadas contra um manifestante na cidade de Nampula.
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Ao apresentar o informe sobre o estado da justiça ontem no Parlamento, a PGR apontou uma redução de 52,3 por cento em 2022, ano em que foram instauradas 169 acções relacionadas com este tipo de delitos, mas reconheceu que apesar desta diminuição, alguns distritos das províncias de Cabo Delgado, Nampula e Niassa, continuam a ser flagelados por este fenómeno.
Entretanto, quanto ao combate ao tráfico de drogas, os processos instaurados subiram de 716 em 2021 para 1.035 no ano passado.
Veja Também Organizações sociais da Frelimo elogiam actuação da polícia nas manifestações do dia 18Beatriz Buchil referiu que o combate à corrupção continua a ser aposta da PGR e, nesse sentido, tem estado a trabalhar com outras instituições relevantes, como prova, segundo ela, o aumento de processos-crimes de 29%, passando de de 1.273, em 2021, para 1.639, em 2022.
Também aumentou o número de processos-crime ligados aos crimes informáticos, em cerca de 42 por cento, de 393 em 2021 para 560 no ano passado.
Após a apresentação do informe, a Renamo disse que o combate à corrupção está perdido e o MDM, também na oposição, afirmou que a justiça não ser os cidadãos.
A Frelimo, no poder, pediu uma acção mais enérgica e célere na recuperação de activos desviados do Estado.