A publicação Daily Maverick, citando um oficial da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral ( SADC) diz que durante a recente cimeira da Comunidade, o Governo de Moçambique apresentou alguns elementos de um plano de resposta regional à insurgência, mas que requer mais informações detalhadas.
Your browser doesn’t support HTML5
Alguns analistas dizem que o Executivo de Filipe Nyusi, ao prescindir do apoio da SADC no combate à insurgência em Cabo Delgado, quer evitar dar protagonismo a tropas estrangeiras no território nacional, mas outros consideram que essa ajuda é fundamental porque o país não está a conseguir conter os ataques, numa altura em que alguns Estados da região começam a questionar a seriedade de Moçambique relativamente a este assunto.
De acordo com aquela publicação, outros governos da África Austral começam a perguntar-se até que ponto o Governo de Maputo é sério em relação à busca de ajuda na luta contra a crescente insurgência islâmica em Cabo Delgado, acrescentando que o Presidente Filipe Nyusi nem se preocupou em participar na cimeira de Gaberone, no Botswana, no passado dia 27, para discutir esta matéria.
Em vez disso, Nyusi enviou o ministro da Defesa nacional, Jaime Neto, que apresentou aos líderes regionais uma lista de compras de equipamento militar que Moçambique precisa para combater os insurgentes e não um plano coerente.
Para alguns analistas, o plano coerente exigido, seria, eventualmente em termos de tropas a enviar para Moçambique.
O analista Borges Namire considera que isso depende muito do tempo e da intensidade dos ataques, afirmando que se estes durarem muito mais tempo Moçambique vai ter que aceitar tropas estrangeiras.
"Esta é uma decisão que deve ser tomada com muita cautela, penso que Moçambique pode pedir ajuda em determinadas áreas, como controlo da fronteiras e recolha de informações, mas ter forças militares, no terreno, a combater, isso exige ponderação e um debate muito mais alargado", avança aquele analista.
Moçambique tem um histórico de intervenção de forças armadas da Tanzânia e do Zimbabwe que apoiaram na luta contra a Renamo, o apartheid e o regime rodesiano de Ian Smith.
Em alguns círculos de opinião, inclusive do próprio Executivo, afirma-se que este histórico deve ser evitado.
O analista Calton Cadeado é defensor deste ponto de vista porque, diz, "é difícil de controlar, sobretudo quando o compromisso for para colocar muitas tropas estrangeiras no solo moçambicano.
“Eu penso que Moçambique quer evitar dar protagonismo a forças estrangeiras no país", conclui.
Contudo, para o analista Adriano Nuvunga, " a intervenção da SADC em Cabo Delgado é urgente porque Moçambique não está a conseguir deter o avanço e a consolidação da insurgência militar islâmica naquela província".