Especialistas de saúde receiam que as enormes interrupções nos programas globais de imunização por causa da pandemia da Covid-19 poderão afetar o sucesso da vacinação contra o novo coronavírus, quando se tornar disponível, em grande parte de países pobres.
Reunidas na Organização Mundial da Saúde (OMS), sexta-feira, em Genebra, agências das Nações Unidas e aliança de vacinas Gavi disseram que 80 milhões de crianças em pelo menos 68 países podem estar em risco de difteria, sarampo e poliomielite, porque os esforços rotineiros de imunização foram prejudicados por restrições de viagem, atrasos na entrega e medo dos pais de sair de casa.
Citado pela Reuters, o líder da Gavi, Seth Berkley, disse que se isso continuar a atrapalhar os programas grande parte do mundo também pode não estar preparada para administrar vacinas contra a Covid-19, que estão a ser desenvolvidas por mais de 100 projetos em todo o mundo.
Veja Também COVID-19: Mega-operação milionária nos EUA "ataca" vacina antes do fim do ano“Se negligenciarmos as cadeias de suprimentos e a infraestrutura de imunização que mantêm esses programas em execução, também corremos o risco de prejudicar a nossa capacidade de lançar a vacina de Covid-19, que representa nossa melhor chance de derrotar essa pandemia”, disse Berkley.
Especialistas dizem que os sistemas de saúde frágeis são afetados pela Covid-19, com um aumento de casos em partes da África e números em elevação no Brasil, onde há mais de 300 mil casos registados e mais de 20 mil mortes.
No encontro, o principal especialista em emergências da OMS, Mike Ryan, disse que “a América do Sul se tornou um novo epicentro da doença”.
Ryan disse que a decisão do governo brasileiro sobre o uso de hidroxicloroquina contra a Covid-19 vai contra as orientações da OMS para aguardar os resultados dos testes, uma vez que o medicamento apresenta riscos cardíacos letais e permanece não comprovado.
Veja Também Trump ameaça congelar definitivamente a ajuda à OMS e até deixar a organizaçãoO diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na mesma conferência, não abordou as mais recentes exigências dos EUA de que a sua organização comece imediatamente a investigar a fonte do coronavírus e a sua resposta à pandemia.