Dirigentes de cinco partidos da Guiné-Bissau deram corpo em Lisboa uma Declaração Política Conjunta na qual anunciam um série de manifestações no país em defesa da democracia.
A Plataforma da Aliança Inclusiva - Terra Tanka (PAI-Terra Ranka), liderada pelo PAIGC, e o Fórum da Salvação da Democracia, integrada pelo MADEM-G15 e pela Aliança Kumba Lanta, que por sua vez é composta pelo PRS e a APU-PDGB, formalizaram a declaração na noite desta segunda-feira, 12.
O documento foi assinado por Domingos Simões Pereira, em representação da PAI Terra Ranka, e Nuno Gomes Nabiam, em representação do Fórum.
Fernando Dias, presidente do PRS, Agnelo Regala, presidente da União para a Mudança, e Abdu Mané, em representação do MADEM-G15, també estiveram presentes.
Aqueles líderes políticos, cujos partidos detêm 97 dos 102 lugares na Assembleia Nacional Popular (só o PTG, não aderiu à iniciativa), anunciaram o seu regresso em breve ao país para dar início a contactos com outros partidos e entidades, bem como realizar diversas manifestações.
Na declaração, os subscritores consideram que o quadro político na Guiné-Bissau “é extremamente grave e propício a ruturas, com impacto e consequências imprevisíveis”.
Domingos Simões Pereira afirmou na ocasião que a Declaração é um “alerta à sociedade para a necessidade de evitar extremos, porque quando o povo se sente desrespeitado, se sente desatendido, cria-se potencialmente uma situação de anarquia” e avisou que as manifestações e a oposição ao regime será feita “sempre com métodos democráticos”.
“Eu acho que se tem abusado daquilo que me parece ser um sentimento de conformismo por parte do povo guineense”, concluiu o antigo primeiro-ministro e presidente da Assembleia Nacional Popular, dissolvida por Umaro Sissoco Embaló em dezembro de 2023.
Por seu lado, o antigo primeiro-ministro e ex-conselheiro presidencial Nuno Nabiam acusou Umaro Sissoco Embaló de “criar métodos de intimidação aos líderes dos partidos políticos”, masa visou que "não vai funcionar".
O presidente da APU-PDGB destacou que "fazer política tem riscos e nós temos, como políticos, temos de assumir esse risco, não podemos ver o nosso país a colapsar e ficarmos calados a ver Sissoco Embaló a fazer e a desfazer”.
Gomes Nabiam lembrou o que tem passado em vários países africanos e sulbinhou que "temos que sair à rua e exigir o fim da ditadura do Sissoco Embaló”.
"Vamos assumir as nossas responsabilidades", concluiu o também antigo canidado presidencial em 2014.
Braima Camará, coordenador do MADEM-G15, antigo aliado do Presidente da República, é esperado nesta quarta-feira, 13, em Bissau.
Na Delcaração Política Conjunta, a que a Voz da América teve acesso, os seus subscritores exortam o Presidente da República a “abster-se de todos os atos de ingerência na vida interna dos partidos”, exigem os “tribunais, especialmente o Supremo Tribunal de Justiça, um posicionamento responsável e em estrita observância das leis”, pedem “a regularização do ambiente político nacional por via da retirada das forças estacionadas” no Parlamento para a retoma do funcionamento do órgão, alertam que “a insistência do Presidente da República em não respeitar as regras do jogo democrático poderá cimentar o seu papel de elemento perturbador do processo democrático”, exigem o “respeito do calendário político e eleitoral que permita, dentro dos prazos constitucionais e legais, proceder à realização de eleições, e, particularmente, das eleições presidenciais” e finalmente exigem “o respeito pela Constituição da República e demais leis”.