Agora que o Colégio Eleitoral confirmou a eleição de Joe Biden para a Presidência dos Estados Unidos, os próximos dias deverão servir para ver o que Donald Trump tenciona fazer.
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O Presidente continua a rejeitar o resultado das eleições mas as suas tentativas de levar os tribunais a mudarem os resultados em certos Estados fracassaram.
Fontes na Casa Branca citadas pelos meios de informação americanos dizem que se está agora à procura de uma “rampa de saída” para o Presidente.
Trump poderá anunciar a sua intensão de se recandidatar em 2024 ou aguardar mesmo pelo dia da tomada de posse de Biden para fazer isso num comício numa cidade fora de Washington.
Congresso tem que confirmar contagem do Colégio Eleitoral
Para já há, no entanto, mais um passo a dar-se para a confirmação da eleição de Joe Biden.
A 6 de janeiro o Congresso tem de se reunir para confirmar a votação do Colégio Eleitoral e nesse dia, de acordo com a lei, pelo menos um senador e um deputado da Câmara dos Representantes poderão levantar objecções.
Karl Rove, antigo conselheiro do Presidente George W Bush, disse que não ficaria supreendido se nesse dia um senador e um representante como é requerido apresentem declarações pondo em causa o resultado.
“É isso que eu acredito que se vai passar, mas eu não vejo os resultados a serem anulados amanhã ou no dia 6 de Janeiro”, acrescentou aquele estratega republicano falando um dia antes do Colégio Eleitoral se ter reunido
O argumento de Rove que poucas ou nenhumas chances isso tem possibilidade de suceder radica no facto de os Democratas terem a maioria na Câmara dos Representantes pelo que essas objecções não encontrarão ali qualquer eco.
E não há a possibilidade de protelar a decisão.A lei diz que o congresso tem que resolver no espaço de duas horas qualquer objecção levantada ao Colégio Eleitoral.
Chris Christie, antigo governador republicano do Estado da Nova Jérsey, afirma que seus colegas têm agora de começar a olhar para o futuro.
“Os republicanos precisam agora dizer muito obrigado senhor Presidente pelo seu serviço, obrigado pelas boas coisas que fez enquanto esteve na Presidência e com que nós concordamos, mas agora precisamos de avançar para garantir que estamos a declarar principios republicanos que interessam ao povo deste país e que as pessoas apoiaram em número muito elevado”, disse Christie.
Ele referia-se aqui ao facto de que, na verdade, a noite das eleições para além da derrota presidencial foi uma boa noite para os Republicanos.
Eles ganharam lugares na Câmara dos Representantes, poderão manter o controlo do Senado e recuperaram um governador estadual.
Rahm Emmanuel, antigo chefe de gabinete do Presidente Barack Obama, diz que isso é algo que os Democratas têm que analisar.
“Como Democratas temos também um desafio à nossa frente, nestas eleições, para além daquilo que foi uma decisão de transaccão - apoiar Joe Biden para derrotar Donald Trump - os democratas não obtiveram bons resultados nas outras votações", afirmou Emmanuel que defendeu ainda que o Partido Democrata tem que “reflectir, olhar no espelho e perguntar como é que na pior crise de saúde, na pior situação económica desde a depressão, uma eleição que deveria ter sido de transformação foi apenas uma votação de transacção para se acabar com Donald Trump”.
Aquele estratega democrata afirmou ainda que os dois partidos têm agora o apoio de um grande número de eleitores que sentem que não são vistos ou escutados.
"A era em que os partidos falavam a um grupo central no meio do espectro eleitoral e que acreditava na América acabou", disse.
Para o antigo chefe de gabinete de Obama, “a energia em ambos os partidos vem agora de pessoas que não acreditam que o sistema económico ou o sistema político lhes dá legitimidade”.
Quanto a Joe Biden, para ele "a tarefa é não só sarar o país de uma crise de saúde pública e económica, mas levar o país a acreditar na América”, acrescentou.
Para os partidos, o futuro imediato é de grandes desafios, com os Republicanos ainda incertos quanto ao futuro político de Donald Trump e a sua influência dentro do partido e os Democratas a terem que lidar com a pressão de um influente grupo de esquerda que é responsabilizado pelos maus resultados do partido nas legislativas.