Professores, pais e encarregados de Educação dos alunos do ensino pré-universitário em São Tomé e Príncipe estão preocupados com a fraca qualidade do ensino, agravada pela pandemia da Covid-19.
A constante suspensão das aulas e a ausência de condições para o ensino à distância estão a afectar a aprendizagem em todos os níveis de ensino, sobretudo no pré-universitário.
Os alunos regressaram na quinta-feira, 19, às aulas depois de mais 15 dias de interrupção devido à pandemia.
“Nós ficamos muito tempo em casa, praticamente sem pegar no caderno e agora com matéria muito acelerada vai ser muito difícil a aprendizagem”, afirma Admilza Ferreira, aluna do décimo primeiro ano.
O país não reúne as condições para a implementação do ensino à distância e o presidente da Associação dos Pais e Encarregados de Educação do Liceu Nacional, Mikael Barros, lamenta a falta de articulação com as escolas durante os períodos em que as aulas têm sido suspensas.
“A situação é grave. Com todas essas interrupções, sem ensino à distância, não sei qual vai ser o aproveitamento dos alunos, sobretudo aqueles que devem terminar o ensino pré-universitário para ingressarem nas universidades”, Mikael Barros, quem critica a forma como o Governo tem gerido a actividade escolar durante a pandemia da Covid-19.
“Tiram as crianças das escolas e elas ficam na rua, nas praias e nos campos de futebol. Na minha opinião mais valia reforçar as medidas de prevenção nas escolas em vez de estar a suspender as aulas e mandar as crianças para casa nesta situação, sem qualquer obediência das medidas de prevenção contra a pandemia”, aponta Barros.
Entretanto, nas escolas, os professores também se queixam do elevado número de alunos em cada turma.
“Mesmo com a obrigação do uso de máscaras, é muito difícil trabalhar em turmas com cerca de 60 alunos, neste contexto”, lamenta Teotino Menezes, professor de matemática no maior liceu do país.
Por seu lado, o diretor do Liceu Nacional de São Tomé e Príncipe, Francisco Marcelo, acredita que haverá medidas para minimizar os danos que a situação tem provocado na aprendizagem dos alunos.
“Fui informado que o Ministério da Educação está a preparar medidas para compensar o período em que não houve aulas. A situação é desagradável e é preciso encontrar formas para que os alunos possam recuperar o tempo perdido”, conclui Marcelo.