PAIGC e mesa do Parlamento abandonam reunião com Presidente guineense

José Mário Vaz

Delegação do Conselho de Segurança da ONU leva mensagem clara a Bissau.

O primeiro-ministro Carlos Correia da Guiné-Bissau e vice-presidente na Assembleia Nacional Popular Inácio Correia abandonaram a reunião convocada pelo Presidente da República nesta sexta-feira, 4, que pretendia analisar a proposta de acordo político apresentada às partes em conflito no país por José Mário Vaz na semana passada.

Em conversa com jornalistas, os representantes do PAIGC, no poder, e da mesa do Parlamento disseram discordar com a presença de uma representação dos 15 deputados do PAIGC que perderam o mandato..

"Entendemos que o problema dos 15 é um assunto interno do PAIGC que não deve ser resolvido no Palácio, mas sim na sede do partido ou nos tribunais", disse Inácio Correia, primeiro vice-presidente do Parlamento.

Por seu turno, o primeiro-ministro Carlos Correia acrescentou que a reunião não devia ser para discutir a crise de instituições com um grupo de pessoas, "mas sim com instituições", reiterando a posição do seu partido de que só devem participar nas negociações instituições da república.

Até este momento, não há mais informações sobre o encontro na Presidência da República que continuou com a presença do Partido da Renovação Social (na oposição), dos 15 deptuados, da sociedade civil e elementos da comunidade internacional, que foram convidados como observadores.

Conselho de Segurança defende diálogo

Entretanto, na segunda-feira, é esperada em Bissau uma delegação do Conselho de Segurança das Nações Unidos que pretende discutir com as partes a situação actual.

O embaixador de Angola junto às Nações Unidas, Ismael Martins, cujo país preside este mês o Conselho de Segurança revelou que o grupo de diplomatas tem uma mensagem clara: "O conselho está unido na sequência de uma vitória do povo da Guiné, quando houve eleições, que foram boas, seguido da organização da conferência de doadores que produziu resultados muito bons”.

Martins reconhece haver problemas pendentes entre as entidades militares, o presidente, o Governo e os partidos, mas, diz, "tratando-se de entidades do mesmo país e um Parlamento que tem uma maioria de um partido político apenas, penso que os acordos são possíveis"..

"As pontes são possíveis para tornar possível um diálogo possível e um diálogo viável país que há muito precisa disso”, reiterou Ismael Martins em declarações à Rádio das Nações Unidas.

Depois de Bissau, a delegação de diplomatas do Conselho de Segurança da ONU visitará o Mali e o Senegal.