A Guiné-Bissau encontra-se num impasse político-institucional desde Agosto de 2015 quando o Presidente da República demitiu o então Governo do PAIGC, liderado por Domingos Simões Pereira.
Depois de ter nomeado um primeiro-ministro de iniciativa presidencial, rejeitado pelo Supremo Tribunal de Justiça, o Presidente José Mário Vaz empossou Carlos Correia no cargo, apontado pelo PAIGC.
Em Dezembro, o programa do Governo foi chumbado e desde então aguarda-se que o Parlamento volte a discutir o programa, o que deve acontecer na sessão que iniciou nesta terça-feira, 3, sob o signo da tensão.
Nesta quarta-feira, os parlamentares voltaram a não chegar a acordo sobre a ordem dos trabalhos, com o PAIGC a recusar aceitar o debate sobre o estado da Nação, enquanto a mesa do Parlamento não definir o estatuto na Assembleia Nacional Popular (ANP) dos 15 deputados expulsos do partido no poder.
O antigo ministro de vários governos, professor universitário e analista guineense Delfim da Silva considera que a crise política radica no PAIGC e vem desde o congresso de Cacheu, realizado em Fevereiro de 2014.
“A nova direcção, que saiu de uma coligação de várias facções, não conseguiu unir o partido que saiu mais dividido ainda e o agora chamado grupo dos 15 são da facção maior do PAIGC”, explica Delfim da Silva.
Aquele “militante de base apenas”, como diz, entende que as movimentações do Presidente da República, muito criticadas pelo partido no poder, “visam trazer para o partido a maior facção, representada pelos deputados expulsos do PAIGC”.
Depois de quase nove meses de crise e sem um Governo em plenitude de funções, ou seja sem o seu programa, Delfim da Silva adverte, na rubrica Agenda Africana, da VOA, que caso o partido não fizer uma cura interna, pode perder o apoio Parlamentar e dar lugar a um Executivo liderado pelo PRS.
Acompanhe esta edição:
Your browser doesn’t support HTML5