O presidente interino do PAICV, principal partido da oposição em Cabo Verde, Rui Semedo, é o único candidato à liderança daquela força política nas eleições directas de domingo, 19.
Antigo ministro e ex-líder parlamentar do PAICV, ele diz apresentar-se ao pleito com um projecto que congrega e é aberto a todas sensibilidades e gerações, visando o reforço da coesão interna e preparação da força política para os desafios que se colocam.
Mas algumas vozes dizem que é preciso acção para unir o partido e observadores falam em candidatura transitória.
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O antigo secretário-geral do PAICV, autarca, ministro e vice-presidente da Assembleia Nacional Júlio Correia considera que o anúncio de intenção da congregação de todos“é positivo”, mas entende que deve haver sinais que na prática demonstram que vai ser este o caminho a seguir.
Para Correia, é fundamental romper-se com a prática utilizada nos últimos tempos da exclusão daqueles que pensam de forma diferente, situação que enfraqueceu e conduziu o partido a resultados negativos nalguns pleitos eleitorais.
"O consenso não é silenciar nenhuma parte, deve sim incorporar toda a riqueza que existe num partido, garantir um sentido democrático, de diversidade para que as coisas fiquem coloridas, porque de nada nos tem servido nos últimos anos a falta de pluralidade. Pensoque ninguém tem dúvida que tem faltado todas as cores neste grande partido", diz Correia.
Para o analista político António Ludgero, esta candidatura de Rui Semedo dá sinais de ser transitória, por determinado período, porquanto entende que os “possíveis tubarões” para a disputainterna que culminará com os próximos embates eleitorais nacionais estarão na sombra a preparar as respectivas estratégias.
No que tange à reunificação da família tambarina, Ludgero diz que na base o PAICV sempre manteve coeso, enquanto as desavenças se cingiram mais a nível dos “tubarões”, que podem agora acertar passos pensando nos desafios futuros.
"Rui Semedo pode congregar o partido para esta fase, mas terá que ter canela para conseguir criar uma rede apoios de figuras nas diferentes áreas politicas, tal como fez o José Maria Neves em 2000, para que o PAICV esteja unido à volta do líder a ser eleito nas directas a anteceder s próximas eleições autárquicas e legislativas”, conclui.
O PAICV realiza o seu próximo congresso de 28 a 30 e Janeiro de 2021, no qual será debatido e aprovado o programa do novo presidente, aprovadas moções e eleitos os orgãos do partido.