Como a VOA noticiou recentemente a reacção do Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, às afirmações do bispo católico de Bissau, Dom José Lampra Cá, não caiu bem na sociedade guineense e também na Igreja Católica.
Houve várias reacções, nomeadamente de organizações da sociedade civil que destacaram o reconhecido e tradicional bom relacionamento entre as diversas religiões no país.
Entretanto, o coordenador da Associação do Clero Diocesano da Guiné-Bissau, padre Augusto Mutna Tambá, que reagiu aos comentários do Presidente na sua página no Facebook, confirma à VOA ter sido alvo ataques e ameaças de morte.
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“Se os imames, padres e pastores devem ficar nas igrejas, templos e mesquitas, o que está fazendo o imame no Conselho de Estado?" , questionou o padre na sua página naquela rede social no passado dia 2, numa referência a Aladje Culabio, imame de Bafatá, nomeado membro do Conselho de Estado pelo Presidente da República.
No dia 29 de Dezembro, após o encontro entre o primeiro-ministro Nuno Gomes Nabiam e líderes de diferentes religiões, o bispo de Bissau Dom José Lampra Cá afirmou que "a Guiné-Bissau não poderá ser feliz se os seus filhos ou cidadãos não colaborarem no sentido de terem um comportamento moral e repreensível e também no sentido de assumirem a responsabilidade de poderem respeitar escrupulosamente as leis do país".
Mais tarde, o Presidente afirmou: "Eu não sei se o bispo faz política. O que sei é que o lugar do bispo é na igreja, do imame é na mesquita e do pastor é no lugar de culto. Mas se quer fazer política que nos diga, há vários partidos que lhe querem dar o cartão e se quiser que o tome".
No dia 5, na cerimónia de apresentação de cumprimentos de Ano Novo na Presidência da República, nem o bispo de Bissau nem nenhum representante da Igreja Católica estiveram presentes, ao contrário do que sempre acontece.
O padre Augusto Mutna Tambá admite estar um “um pouco preocupado”, mas sem medo, embora tenha de tomar precauções.
Por agora, diz que não comunicou as ameaças à polícia, mas poderá fazê-lo.
No entanto, Tambá garante que vai continuar a fazer as suas refexões na sua página no Facebook “com toda a serenidade e com todo o respeito” e se alguém pensa que vai parar “por causa das intimidações, essa pessoa está enganada porque nunca vou parar".
Não houve ainda qualquer reacção da Presidência da República.