A denúncia de existência de várias mortes de crianças na bacia do Cuango, na província angolana da Lunda Norte, por doença ainda não identificada, segundo os moradores, continua a preocupar varias instituições locais.
Apesar das autoridades sanitárias da região terem dito que a doença é malária, a Igreja Católica no município junta-se as denúncias.
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O pároco José Alceu Santana Albino diz que nos últimos dias tem-se verificado inúmeras mortes de crianças, em 35 comunidades do Cuango por ele visitadas.
O padre denuncia igualmente empresas diamantíferas na região de atitudes egoístas perante a natureza que poderão provocar desertificação na região.
"Realmente aqui no município do Cuango, nas aldeias que tenho visitado, as mortes de crianças são frequentes, há um abandono total, a Constituição da República consagrar direitos, mas na pratica não são observados ou o são para poucos porque a grande maioria aqui não vê nenhum beneficio", lamenta o padre que diz ser impotente para resolver os problemas.
“Eu tenho olhado isso com amor, a minha casa enche-se de crianças à procura de amparo, para brincar e jogar à bola, sempre ofereço um lanche, presente de amor e carinho que muitas delas pelas dificuldades que as suas famílias vivem elas não recebem, às vezes nos sentimos incapazes frente a uma realidade tão grande, realmente este povo aqui está abandonado", sublinha.
Desrespeito pela natureza
Outra preocupação da Igreja Católica no Cuango prende-se com o respeito pela natureza, particularmente a falta de respeito por parte de empresas diamantíferas.
"Estas empresas só pensam em dinheiro, vão sugando a mãe natureza para tirar riqueza e não devolvem nada à terra, puro egoísmo, uma ganância muito grande, aqui há ravina, crateras abertas em zonas mineiras, na minha visão daqui a poucos anos isso aqui vai se tornar num grande deserto”, lamenta o padre José Alceu Santana Albino, lembrando que “amãe natureza é como uma vaca, se sótiramos o leite e não lhe damos nada de alimento um dia esse leite seca”.
Albino conclui com referência às empresas chinesas “que cortam e levam madeira para o exterior”.