"Os que vão para o poder não fazem nada para a juventude", diz são-tomense desiludido

Cidade de São Tomé, São Tomé e Príncipe

Estudo do Afrobarómetro revela que 67 por cento dos jovens são-tomenses estão desempregados.

Um estudo da empresa Afrobarómetro sobre os desafios da juventude africana divulgado nesta segunda- feira,20, indica que 67 por cento dos jovens são-tomenses estão desempregados.

Angola tem a mesma taxa de desocupação, enquanto em Moçambique é de 60% e em Cabo Verde 41% dos jovens não têm trabalho.

No caso são-tomense, analistas políticos apontam a falta de um setor privado forte como a maior causa do desemprego juvenil.

O estudo que incidiu-se também sobre outros países africanos de língua portuguesa diz que o desemprego é a principal prioridade política que os jovens entre os 18 e 35 anos querem que os seus governos abordem.

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Entrevistado pela Voz de América, um jovem que pediu anonimato afirma que "os que vão para o poder não fazem nada para a juventude".

“Eu já não voto para nenhum partido. Nós estamos desesperados, não há emprego e eles quando chegam ao poder não fazem nada por nós”, sustenta.

A maioria dos jovens lusófonos africanos é integrada por vendedores ambulantes de qualquer coisa para garantirem o sustento da família, segundo o documento.

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“Eu já tenho mulher e filhos em casa e não tenho como os alimentar, por isso estou a vender esses “mambos”, conta outro jovem numa das ruas da capital do país.

Mais de metade da população tem menos de 25 anos de idade e o maior desafio é o primeiro emprego.

Carlos Barros Tiny, ex-presidente do Instituto da Juventude São-tomense revela que os poucos jovens com emprego digno são os que se afiliaram nos partidos políticos, “não pelo progresso da democracia, mas para perpetuarem as más práticas como a corrupção e o nepotismo”.


Para o analista político Liberato Moniz, a ausência de um sector privado forte é a principal causa do desemprego jovem.

“Desde a independência os sucessivos governos não se preocuparam com a criação de um setor privado forte para poderem ter o controlo do voto e assim se perpetuarem no poder e, claro, que só o setor público não é suficiente para tanta procura”, aponta Moniz, alertando que as consequências desta falta de emprego para os jovens podem ser desastrosas.

“Está à vista uma vaga de assaltos no país com graves consequências para a sociedade," diz aquele analista política, quem sublinha que "esta situação em que os jovens se encontram pode ser muito desastrosa até para quem está no poder”.

O estudo do Afro Barómetro indica ainda que Angola é outro país da África lusófona com 67% dos jovens desempregados.

Em Moçambique a taxa é de 60% e em Cabo Verde 41% dos jovens não têm trabalho.

Nos 39 países africanos inquiridos, apenas dois jovens em cada 10 dizem que o seu Governo é bom a criar empregos.