Efeitos em Angola do isolamento dos bancos russos

Transacções comerciais entre os dois paises são mínimas mas diamantes podem estar em perigo

As transacções internacionais de Angola com a Rússia poderão ser afectadas pelas sanções que excluem bancos russos do sistema de transferências internacionais interbancárias, na sigla em inglês SWIFT.

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Impacto para Angola da expulsão de bancos russos do SWIFT – 2:21

Analistas angolanos, no entanto, fazem também notar que, de momento, o comércio entre os dois países é mínimo pelo que esse impacto não deverá ser grande.

A exportação de diamantes para a Rússia, avaliada em 2019 em pouco mais de 29 milhões de dólares, poderá no entanto deparar com dificuldades de pagamento.

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A União Europeia anunciou nesta quarta-feira, 2, a expulsão de sete bancos russos do sistema, embora dois dos principais bancos não tenham sido incluídos por estarem envolvidos nas transacções referentes à venda de petróleo e gás.

O sistema de transferências SWIFT reúne mais de 11 mil instituições financeiras, de mais de 200 países e só em Janeiro efectuou cerca de 50 milhões de transações financeiras por dia.

A especialista em questões bancárias Isabel Sakaneno acredita que Angola será afectada tendo em conta os negócios que o país tem com a Rússia.

"O SWIFT é um código que funciona para as transações internacionais como uma espécie de IBAN nas transferências bancárias nacionais”, explica Sakaneno detalhando ainda que “quando há uma transferência de um país ao outro o valor da transferência não vai directamente para a conta do destinatário, para que isso aconteça tem de haver um banco correspondente e para operacionalizar a transferência usa-se este código SWIFT”.

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“Todas as transacções que a Rússia tem com vários países ficarão afectadas, incluindo Angola", diz.

O especialista em temas bancários Estêvão Gomes vai mais longe e fala mesmo em possível reajuste do Orçamento Geral do Estado.

"Há sérias probabilidades de Angola rever o seu OGE caso a guerra se intensifique por mais três ou quatro meses", afirma Gomes, lembrando que “os efeitos não se farão sentir já, mas daqui a um mês”.

"Serão prejuízos incalculáveis porque nós temos projectos financiados pelos russos, ficam todos cortados com este bloqueio do SWIFT", garante.

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José Severino, presidente da Associação Industrial Angolana pensa diferente porque as relações comerciais com a Rússia "são residuais".

Com efeito, avaliações do comércio entre a Rússia e Angola indicam que são mínimos.

O Observatório de Complexidade Económica indica que em 2019 o comércio entre os dois países foi de apenas cerca de 79 milhões de dólares.

Até Dezembro do ano passado, segundo a agência de notícias russa Tass que cita o Kremlin, aquele montante desceu para 34,8 milhões de dólares, especialmente nas áreas da agricultura, pescas, aquicultura, justiça e militar.

Severino afirma, portanto, que devido a esses fracos números “aqui não teremos qualquer problema ... não sentiremos impacto directo, poderemos ter algum, mas de forma indirecta com a importação do milho e também do trigo, e pelo efeito boomerang que a própria economia ocidental terá com isso".

Quem também acredita que Angola não terá grandes prejuízos directos com esta medida, é o consultor económico Galvão Branco.

"Vai haver um prejuízo enorme para a Rússia, não tanto para Angola porque pode ir buscar alternativas noutros mercados de bens e serviços que neste momento estão proibidos por via de operadores económicos russos”, conclui Branco.