Organizações de defesa de jornalistas festejam libertação de profissionais moçambicanos

Amade Abubacar e Germano Adriano vão a tribunal a 17 de Maio

O presidente da janela moçambicana do Instituto para a Comunicação Social da África Austral (MISA Moçambique) considerou nesta quarta-feira, 23, um ganho para a liberdade de imprensa e de expressão a soltura de dois jornalistas detidos em Cabo Delegado, reconhecendo, contudo, ainda ser uma “pequena vitória” face ao que chama de “arbitrariedades da justiça no país”.

Fernando Gonsalves, também editor do SAVANA, o principal jornal independente de Moçambique, do grupo Mediacoop, reiterou que os jornalistas tinham sido detidos de forma “ilegal e injusta”.

“Veja só que estes são jornalistas que tiveram apoio interno e externo a seu favor, mas no caso de Amade Abubacar levou mais de 100 dias para ser libertado”, lembrou Fernando Gonsalves.

O Tribunal Judicial Provincial de Cabo Delegado, no norte de Moçambique, colocou hoje em liberdade Amade Abubacar e Germano Adriano, detidos no início do ano, indiciados por “crimes de segurança de Estado”, supostamente pela sua actividade de divulgação de acções de insurgentes nos distritos de norte daquela província.

Por sua vez, a defesa dos jornalistas, classificou de “estável e emocionado” o estado de espirito de Abubacar e Adriana à saída da prisão, tendo manifestado “surpreendidos com a decisão de sua soltura”.

“Estavam felizes, inclusive não estavam a acreditar que estavam a sair da cadeia”, disse à VOA um membro da defesa..

Os jornalistas saíram no inicio da manhã, da cadeia provincial de Mieze, na capital Pemba, tendo se dirigido para o Tribunal Judicial Provincial de Cabo Delegado, para assinatura dos Termo de Identidade e Residência.

Abubacar e Adriano deverão voltar ao tribunal a 17 de Maio, a data marcada para a instrução contraditória, requerida pelo Ministério Publico.

Amade Abubakar, foi detido a 5 de Janeiro, no distrito de Macomia, tendo permanecido 13 dias sob detenção numa base militar no distrito de Mueda.

A 17 de Janeiro, o Ministério Público acusou o jornalista de violação do segredo de Estado e instigação publica, por supostamente terem sido encontrados no computador de Amade Abubacar detalhes sobre os grupos armados que actuam no norte de Moçambique, incluindo nomes de membros do grupo.

Já Germano Adriano foi detido quase um mês depois, a 6 de Fevereiro, por agentes do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic), mas a sua detenção só foi tornada pública a 18 de Fevereiro, quatro dias depois da legalização da sua detenção, acusado de crimes contra o Estado.

Várias organizações de defesa de jornalistas e de direitos humanos, entre eles o MISA, SNJ, Federação dos Jornalistas de Língua Portuguesa (FJLP) e HRW, exigiam a libertação dos jornalistas de forma “incondicional”.