Organização Trump e responsável financeiro indiciados de crimes fiscais

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Allen Weisselberg, responsável financeiro da Organização Trump, num tribunal de Nova Iorque, 1 de Julho de 2021

Procuradores em Nova Iorque acusaram nesta quinta-feira, 1, a Organização Trump, grupo empresarial do antigo Presidente americano, de operar um "esquema para fraudar" o Estado durante 15 anos e alegaram que a empresa compensou altos executivos com os benefícios contábeis, como dinheiro, mensalidades de escolas particulares e carros de luxo, sem inforar o fisco ou as autoridades fiscais do Estado essas movimentações.

Ao mesmo tempo, os procuradores indiciaram o director financeiro do grupo, Allen Weisselberg, com 15 acusações, incluindo roubo e fraude fiscal.

Tanto Weisselberg como a Trump Organization declararam-se inocentes e garantiram que vão lutar contra as acusações no tribunal.

"Este foi um esquema de pagamentos ilegais abrangente e audaz", disse Carey Dunne, conselheira geral do procurador distrital de Manhattan, ao apresentar o caso ao Tribunal Supremo do Estado de Nova Iorque em Manhattan.

Os advogados que representaram a Trump Organization disseram que a acusação era puramente política.

"Na nossa opinião, este caso foi instaurado porque o nome da empresa é Trump ... Este caso indica que agora os procuradores têm como alvo os opositores e adversários políticos federais”, acrescentaram em comunicado.

Ameaça à Organização Trump

Os procuradores sustentaram a sua acusação e alertaram que esse tipo de acções não é tomado de forma “leviana”, tendo em conta as consequências que uma empresa nessa situação pode enfrentar.

Há uma "série de factores" que influenciam a decisão de acusar uma empresa, disse o advogado Danya Perry, ex-procurador-geral adjunto de Nova Iorque e procurador federal.

"Um factor significativo, e que foi invocado pelos advogados de Trump, é o risco de consequências colaterais”, advertiu Perry.

Em alguns casos, até mesmo uma acusação é suficiente para levar uma empresa à falência, já que os clientes credores avaliam se desejam correr o risco de serem associados a uma organização acusada de actividade criminosa.

Possíveis novas denúncias

A acusação de 25 páginas apresentada ao tribunal hoje deixa claro que Allen Weisselberg não foi o único funcionário da Organização Trump a receber pagamentos que os procuradores acreditam serem ilegais.

Ele é, no entanto, o único realmente acusado de transgressão.

Analistas em direito apontam que a decisão de acusar Weisselberg é parte de um esforço para persuadi-lo a fornecer evidências que implicariam o ex-Presidente em acções ilegais, uma prática que o Estado usa comumente em vários tipos de processos judiciais.

"Tem havido muita especulação e informações públicas de que a razão pela qual Weisselberg está sendo acusado primeiro é porque os procuradores esperam derrubá-lo", disse Perry, para quem se ele aceitar colaborar com a justiça “certamente podemos esperar ver mais pessoas acusadas, mas definitivamente ainda não chegamos lá".

Trump reage

O ex-Presidente, a empresa e os advogados disseram que a acusação tem motivação política.

Num comunicado divulgado na tarde de hoje, Donald Trump disse: "A caça às bruxas política pelos democratas de esquerda radical, com Nova Iorque continua. Está a dividir o nosso país como nunca antes".