A oposição parlamentar em Angola considera o discurso do Presidente da República sobre o estado da nação apresentado no fim-de-semana na Assembleia Nacional de longo e vazio.
Os partidos com assento no Parlamento apontam que João Lourenço devia falar de dois assuntos fundamentais para a vida dos cidadãos: a data das eleições autárquicas e como vai enfrentar a crise sócio-económica que o país atravessa.
João Lourenço cumpriu o que a Constituição estipula e a 15 de Outubro, no arranque da legislatura, falou sobre o estado da nação, num discurso de quase duas horas.
Para a UNITA, segundo Ernesto Mulato, “gostaríamos de ouvir sobre o país real, as prisões arbitrárias, há pessoas a comer nos contentores de lixo, sobre isto o Presidente não falou, e depois gostaríamos ouvir também para quando a realização das eleições autárquicas".
Veja Também João Lourenço reafirma combate à corrupção mas não dá datas para eleições autárquicasO agravar da criminalidade é outro tema que o parlamentar pela UNITA, Jorge Victorino, gostaria de ouvir no discurso de Lourenço.
"Quais são as medidas preventivas no domínio do combate à criminalidade porque o crime tem aumentado por causa do agudizar das questões socio-económicas não ouvimos nada sobre este aspecto do nosso Chefe de Estado", sublinha Victorino.
Na mesma toada, o PRS, através do seu dirigente, Rui Malopa, lamenta que o Presidente "nem se quer fixou uma data para as autarquias, não se referiu a um orçamento para as eleições autárquicas, não mencionou a situação sócio-económica".
Veja Também Angola: "Há condição de diálogo", diz Adalberto Costa Júnior após encontro com Presidente da RepúblicaOutro partido com assento parlamentar, a FNLA, tem a mesma avaliação do discurso de Lourenço.
"A questão das autarquias, o Presidente devia lançar datas, outra questão o balanço que fez não corresponde ao país real porque a pobreza
extrema continua, muitas pessoas a comerem no lixo, muitos programas irrealistas que em cinco anos não serão exequíveis", sublinha Ndonda Nzinga.
A VOA tentou falar com a presidente e deputada pelo Partido Humanista de Angola, Bela Malaquias, mas mostrou-se indisponível, e também o
grupo parlamentar do MPLA, que não respondeu aos nossos pedidos.
No seu discurso, João Lourenço reiterou a realização das autarquias e admitiu uma proposta com influência do poder tradicional, apresentou os ganhos do seu Governo e disse que a luta contra a corrupção vai continuar.