A oposição guineense reagiu com insatisfação ao discurso do Presidente da República, sobretudo por José Mário Vaz ter voltado a convidar os actores políticos a um diálogo interno, como única saída para ultrapassar a crise política que se arrasta há dois anos e meio.
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Vaz entende que não se deve confiar mais na solução que vem de fora, desvalorizando, assim, a capacidade interna dos próprios guineenses e, no seu discurso, pediu a conciliação entre os acordos de Bissau e de Conacri e o Roteiro por ele apresentado recentemente em Abuja.
Para o PAIGC, o Chefe de Estado guineense não trouxe nada, de novo, no seu discurso de fim do ano.
“É uma decepção total parece uma coisa bem repetitiva. E o Presidente continua a bater na mesma tecla. Temos o acordo de Bissau e foi o Presidente que nos conduziu a Conacri e em Conacri pegamos o acordo de Bissau e estabelecemos um roteiro, que nós chamamos do acordo de Conacri, o qual é composto por 10 itens e o primeiro compete ao Presidente cumprir)”, reagiu Aly Hijazi, secretário nacional do partido mais votado em 2014.
Por isso, para o PAIGC o roteio agora apresentado pelo Presidente na recente cimeira de Abuja, capital da Nigéria, não tem nexo:
“O roteiro que ele nos apresentou invalida o Acordo de Conacri. Não tem nada a ver, uma coisa com a outra. Se formos conjugar os três, só traz complicações. Temos o roteiro de Conacri, então, vamos cumprir o roteiro de Conacri”, defendeu Hijazi.
Quem também insurgiu-se contra o discurso de José Mário Vaz, é o líder da União para Mudança.
“Para nós, há um acordo de Bissau e de Conacri conjugado. O roteiro que foi apresentado pelo Presidente da Republica é mais uma ratoeira, que visa apenas salvaguardar os interesses dos seus aliados, nomeadamente, o grupo dos 15 e PRS”, acusou Agnelo Regalla.
Discurso
No seu discurso de fim do ano, José Mário Vaz diz ter chegado a hora de se acabar com a crise que já dura há mais de dois anos através de soluções internas que conduzam à reconciliação.
"Nós não devemos confiar mais nos outros que vêm de fora, desvalorizando e deixando de lado os nossos irmãos. Essa atitude não é boa para a imagem do nosso povo e nem para o nosso país", defendeu.
Vaz apontou o ano de 2018 como o da reconciliação nacional, apelou a todos os cidadãos para unirem aos esforços para a saída da crise política, deixando de lado ambições e egoísmos.