A oposição pediu hoje, 12, na Câmara dos Deputados a demissão da presidente da Petrobrás Maria das Graças Foster depois de uma antiga gerente executiva da empresa ter dito que Foster sabia das irregularidades denunciadas na operação Lava Jato mas nunca actuou.
O pedido surge um dia depois do Ministério Público Federal ter denunciado 35 pessoas no âmbito da operação que investiga a lavagem de dinheiro e evasão de divisas em contratos entre a Petrobras e empresas de construção.
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A operação Lava Jato começou com a investigação de um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado cerca de 10 mil milhões de dólares.
A investigação levou à descoberta de um esquema de desvio de recursos da Petrobras, de acordo com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.
Na primeira fase da operação, deflagrada em Março, foram presos, entre outras pessoas, o cambista Alberto Youssef, apontado como chefe do esquema, e o ex-director de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
A sétima fase da operação policial, no mês passado, teve como foco executivos e funcionários de nove grandes empreiteiras que mantêm contratos com a Petrobras num valor total de 59 mil milhões de dólares.
Durante a apresentação das denúncias ontem, 11, à imprensa, o procurador Deltan Dallagnol afirmou que, dos 36 denunciados pelo Ministério Público, 23 são ligados a empresas investigadas.
Segundo Deltan Dallagnol, há indícios de que as empresas "corromperam" a Petrobras e outros órgãos públicos. Ele defendeu que as obras das empresas denunciadas podem vir a ser suspensas.
O procurador-geral da República Rodrigo Janot avisou que a investigação está apenas no início e anuncia mão firme no processo.
Apesar da denúncia de 36 pessoas por três crimes, o Ministério Público disse que as investigações vão ser “aprofundadas” pela força-tarefa criada para o efeito.
A jornalista e analista da rede Globo Cristiana Lobo classifica este caso de inusitado e alerta para o perigo das investigações atingirem outros esferas do poder.
Entretanto, hoje, a oposição pediu a demissão da presidente da Petrobrás Maria das Graças Foster depois de o jornal Valor Económico ter publicado a revelação de uma antiga gerente executiva da Direcção de Abastecimento da empresa que disse ter avisado a presidente das irregularidades.
Segundo o jornal, a geóloga Venina Velosa da Fonseca, que entre 2005 e 2009 foi subordinada ao ex-director Paulo Roberto Costa - preso pela Polícia Federal -, apresentou as denúncias à direcção da petrolífere, inclusive com e-mails encaminhados a Graças Foster. A presidente não actuou, segundo Fonseca.
"As denúncias são gravíssimas e provam, com os e-mails, que Graças foi alertada sobre as irregularidades. Há muito tempo ela deixou de ter condições mínimas de dirigir a empresa", disse o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE).
O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Antonio Imbassahy (BA), afirmou que Graças Foster perdeu as condições de permanecer no cargo.