O Governo angolano iniciou a 25 de Setembro uma campanha para repor o que chama de legalidade na exploração e comercialização dos diamantes, como uma das principais fontes de receitas do país.
A “Operação Transparência”, segundo o Executivo, pretende normalizar e controlar a circulação de pessoas e bens nas províncias da Lunda Norte, Lunda Sul, Moxico, Malange, Uige, Bié, Cuanza Sul e Cuando Cubango.
Entretanto, no local, a VOA soube de cidadãos estrangeiros, em particular da República Democrática do Congo (RDC), que estão a ser repatriados à força, mas em conferência de imprensa o ministro de Estado e Chefe da Casa Militar reconheceu apenas pequenos percalços e desmentiu denúncias de maus-tratos.
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Há denúncias de que cidadãos com bilhetes de identidade angolano, com cartão de eleitores e de militantes do partido MPLA também foram repatriados de forma forçada.
Em duas aldeias no município do Lucapa, residentes afirmam que cidadãos angolanos foram levados para a fronteira e repatriados para a RDC.
Moradores das aldeias de Mulemba Wa Ngola e Santa Isabel, no município do Lucapa, na província da Lunda Norte, queixam-se de terem sido afectados pela “Operação Transparência”, mesmo sendo angolanos.
Fotografias e relatos que chegam das duas comunidades apontam para uma briga familiar que nasceu de um conflito tribal que terá sido usada pelas autoridades locais para repatriar cerca de 3.858 cidadãos, entre homens, mulheres e crianças.
Os conflitos resultaram-se em mais de 16 mortos, revelou a autoridade tradicional Daniel Nhanga, quem apela ao Presidente da Republica, João Lourenço, a velar pela povo Longo Pende.
“Este povo que tanto apoiou o MPLA hoje está a ser repatriado”, denunciou.
Já Malenge Kizanga Artur diz que a comunidade escreveu ao governador, Assembleia Nacional e ao Presidente da Republica a denunciar a morte das 16 pessoas, mas não não houve
Entretanto, Pedro Sabastião, ministro de Estado e Chefe da Casa Militar da Presidência, em conferência de imprensa na Lunda Norte realizada no sábado, 20, confrontado com as imagens chocantes de cidadãos supostamente mortos naquelas localidades, negou dizendo não serem imagens de maus-tratos a cidadãos repatriados.
“Nós estamos a acompanhar e qualquer imagem que ilustra maus-tratos não corresponde à verdade”, assegurou
Jornalistas estrangeiros e nacionais sobrevoaram o território diamantífero na Lunda Norte no fim de semana, onde constataram pequenos grupos que insistem na exploração ilegal de diamantes.