Ciclone Chido deve atingir Moçambique com intensidade, diz ONU

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Moçambique, ciclone Gombe destruíu casas e estruturas no distrito de Meconta, província de Nampula, Março 2022

Mais de 1,7 milhão de pessoas em Moçambique podem ser impactadas pelo ciclone. Chido já provocou vítimas na passagem por Mayotte.

As Nações Unidas (ONU) estão a mobilizar apoio humanitário para a região norte de Moçambique, que deverá ser afetada domingo, 15, pelo ciclone Chido. A tempestade tropical de categoria 3 deverá atingir Pemba, em Cabo Delgado, com intensidade, informa a ONU.

Prevê-se forte chuva, ventos fortes acima dos 120 quilómetros por hora, inundações e deslizamentos de terra. "Cerca de 2,7 milhões de pessoas vivem na trajetória projetada do ciclone, incluindo mais de 1,7 milhão em Moçambique, 440 mil pessoas no Maláui e quase 370 mil pessoas em Comores", avançou o o porta-voz das Nações Unidas, Stephane Dujarric, sexta-feira.

Entretanto, o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) moçambicano agravou o alerta perante a aproximação do ciclone tropical Chido ao norte do país, prevendo ventos até 220 quilómetros por hora.

De acordo com as previsões da organização da ONU, OCHA várias províncias na parte norte do país devem ser afectadas, "principalmente Cabo Delgado e Nampula, mas também Niassa, Tete e, em menor grau, Zambézia".

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Dujarric informou ainda que o Governo de Moçambique já ativou "sistemas de alerta precoce" e disse estar a criar espaços de alojamento. A população das zonas que devem ser mais atingidas foram aconselhadas a evacuar antes da chegada do ciclone.

O Conselho Técnico de Gestão de Calamidades, liderado pelo Governo, informou que "várias bacias em torno das áreas de risco poderão atingir os níveis de alerta".

A OCHA teme que, devido ao ciclone Chido, o atual surto de cólera em Nampula se possa deteriorar.

Moçambique é um dos países mais afetados no mundo pelas alterações climáticas, prevendo-se que no próximo ano o país seja impactado por graves tempestades, com consequências para a segurança alimentar do país.

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Insegurança alimentar agravou-se em Moçambique

Em 2019, o ciclone Kenneth, de categoria 4, atingido a região de Cabo Delgado provocando uma severa crise humanitária no país. 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.

Ciclone provoca vítimas na passagem por Mayotte

Pelo menos duas pessoas morreram no sábado, quando ventos fortes do ciclone Chido assolaram o território francês do Oceano Índico, Mayotte, com as autoridades a alertarem para os graves danos e os residentes a temerem o pior.

Em Mayotte, o departamento mais pobre de França, a 500 quilómetros a leste de Moçambique, “muitos de nós perderam tudo”, disse o prefeito François-Xavier Bieuville.

O Chido revelou-se “o ciclone mais violento e destrutivo a que assistimos desde 1934”, acrescentou.

O recém-empossado primeiro-ministro francês, François Bayrou, que ainda não nomeou o seu gabinete, irá realizar uma reunião de crise em Paris no sábado à noite, informou o seu gabinete.

O nível de alerta de Mayotte foi baixado de violeta - o mais elevado - para vermelho, para permitir que as equipas de emergência deixem as suas bases.