O Presidente brasileiro compriu a tradição da Assembleia Geral das Nações Unidas ao ser o primeiro Chefe de Estado a discursar na abertura da reunião anual da organização, nesta terça-feira, 20, em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Na sua intervenção, Jair Bolsonaro destacou o que considera ser os ganhos da sua gestão, quando está a duas semanas da eleição presidencial, voltou a defender a posição do seu Governo na guerra da Ucrânia, de não alinhamento e com pedido de diálogo entre as partes, e destacou aspectos da sua política conservadora.
"No meu Governo, extirpamos a corrupção sistémica que existia no país. Somente entre o período de 2003 a 2015, onde a esquerda presidiu o Brasil, o endividamento da Petrobras por má gestão, loteamento político e em desvios chegou à casa dos 170 mil milhões de dólares”, afirmou Bolsonaro, reiterando que “o responsável por isso foi condenado em três instâncias por unanimidade”.
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“Este é o Brasil do passado”, afirmou o Presidente brasileiro, sublinhando que “delatores (acusados de colaboraram com a justiça) deveram mil milhões de dólares e pagamos para a bolsa americana outro bilhão por perdas de acionistas”.
“No terreno da economia, o Brasil traz a autoridade de um país que, em nome de um crescimento sustentável e inclusivo, vem implementando reformas para a atração de investimentos e melhoria das condições de vida da sua população.
Em contrapartida ao “passado”, Bolsonaro afirmou que, apesar da crise mundial, o Brasil chega ao final de 2022 com uma economia em plena recuperação.
Oitenta por cento da população vacinada contra a Covid-19
“Temos emprego em alta e inflação em baixa. A economia voltou a crescer. A pobreza aumentou em todo o mundo sob o impacto da pandemia. No Brasil, ela já começou a cair de forma acentuada”, continuou o Presidente, para quem “a estimativa é de que, no final de 2022, 4% das famílias brasileiras estejam vivendo abaixo da linha da pobreza extrema”, quando em 2019, eram 5,1%, o que “representa uma queda de mais de 20%”.
Na sua intervenção, referiu-se ao combate à pandemia da Covid-19, dizendo que o objectivo “foi proteger a renda das famílias para que elas conseguissem enfrentar as dificuldades económicas decorrentes da pandemia”, tendo, segundo o Presidente, o Governo beneficiado mais de 68 milhões de pessoas, o equivalente a 1/3 da população.
“Em paralelo, lançamos um amplo programa de imunização, inclusive com produção doméstica de vacinas. Somos uma nação com 210 milhões de habitantes e já temos mais de 80% da população vacinada contra a Covid-19”, disse .
Liberdade religiosa e protecção das mulheres
Jair Bolsonaro voltou a defender a bandeira conservadora que o levou ao poder e destacou que “outros valores fundamentais para a sociedade brasileira, com reflexo na pauta dos direitos humanos, são a defesa da família, do direito à vida desde a concepção, à legítima defesa e o repúdio à ideologia de género".
Também enfatizou a defesa da liberdade religiosa, criticou o Governo nicaraguense e disse que o Brasil está de portas abertas para acolher padres e freiras católicos que têm "sofrido cruel perseguição do regime ditatorial da Nicarágua".
As mulheres também mereceram destaque no discurso do Presidente brasileiro, segundo o qual “o esforço em sancionar mais de 70 normas legais sobre o tema desde o início de meu Governo, em 2019, é prova cabal desse compromisso".
"Combatemos a violência contra as mulheres com todo o rigor. Isso é parte da nossa prioridade mais ampla de garantir segurança pública a todos os brasileiros", acrescentou Bolsonaro.
Exemplo na defesa do ambiente e diálogo entre Ucrânia e Rússia
A nível da política ambiental, voltou a destacar os avanços que ele considera terem sido realizados pelo seu Governo.
“O Brasil começou sua transição energética há quase meio século, em reação às crises do petróleo daquela época. Hoje, temos uma indústria de biocombustíveis moderna e sustentável. Indústria que contribui para a matriz energética mais limpa entre os países do G20”, assinalou Bolsonato, rematando que “cerca de 84% da nossa matriz elétrica atualmente é renovável, e esse é o objectivo que muitos países desenvolvidos esperam alcançar somente depois de 2040 ou 2050”.
No campo da polítca externa, o Chefe de Estado brasileiro reiterou o posicionamento do seu Governo na guerra na Ucrância, dizendo que o Brasil tem se pautado pelos princípios do direito internacional e da Carta da ONU.
“Defendemos um cessar-fogo imediato, a protecção de civis e não-combatentes, a preservação da infraestrutura crítica para assistência à população e a manutenção de todos os canais de diálogo entre as partes em conflito", afirmou Bolsonaro, que fez “um apelo às partes, bem como a toda a comunidade internacional: não deixem escapar nenhuma oportunidade para pôr fim ao conflito e garantir a paz.
Refira-se que este foi o último discurso de Jair Bolsonaro como Presidente na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas durante este mandato, que termina a 1 de Janeiro.
Ele é candidato a um segundo mandato na eleição presidencial de 2 de Outubro e tem como principal adversário o antigo Chefe de Estado Lula da Silva.