Na Guiné-Bissau, críticas sobre a governação dão origem a uma polémica envolvendo a comunidade muçulmana guineense e a congregação católica Família Franciscana.
Tudo começou quando a Família Franciscana emitiu um comunicado criticando panorama geral da situação política, social e económica do país.
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No comunicado, além de questionar “onde vai a Guiné-Bissau?”, a Família Franciscana, falou da violência física e verbal, dos gastos avultados do dinheiro público, que diz ser de “forma leviana e sem transparência”.
Para esta congregação da Igreja Católica, “a República está a regredir em termos de garantias e defesa dos direitos humanos e que o descontentamento é bem visível”.
Na nota de três páginas, a Família Franciscana fala de greves nos sectores da educação e saúde, da crise sanitária e refere que tem havido a instrumentalização das entidades étnicas e religiosas para fins políticos”.
Muçulmanos respondem
As organizações da comunidade muçulmana, nomeadamente o Conselho Nacional Islâmico e Conselho Superior Islâmico Sairam em defesa das autoridades políticas.
Num comunicado, as duas organizações consideram que “levantar questões relacionadas com agressões físicas e verbais é um claro convite a desordem e desunião entre os guineenses”.
Por outro lado, escrevem que “não queremos pensar que este posicionamento da Família Franciscana se deve ao facto de na Presidência da República estar um republicano muçulmano”.
“É um confronto directo que se está a assistir. Uma guerra religiosa em pleno seculo XXI, totalmente deplorável”, diz Sana Canté líder do Movimento de Cidadãos Conscientes e Inconformados.
Para Sana Canté, o posicionamento “hostil” da Comunidade Muçulmana, nada tem a ver com o conteúdo do comunicado da Família Franciscana.
Ele diz que “vieram em defesa tão só exclusivamente daquela pessoa que consideram ser um Presidente dos muçulmanos que já tinha em tempos, desde 2017, lançado a base desta divisão, por lhe ser permitido fazer discursos divisionistas e tribalistas dentro das mesquitas”.
Por sua vez, Luís Vaz Martins, jurista e antigo presidente da Liga Guineenses dos Direitos Humanos, diz que “a Missão Franciscana faz esta crítica às autoridades e ao Governo”.
“Essa Missão Franciscana sempre criticou os Governos e os Presidentes da Republica, independentemente das suas crenças, e esse não é o primeiro presidente muçulmano que a Guiné-Bissau já teve”, acrescenta Vaz Martins.