Governantes de 84 países assinaram neste domingo, 16, uma declaração que defende a independência e a integridade territorial da Ucrânia, bem como a necessidade de eventuais conversações com a Rússia visando o fim da guerra entre os dois países.
O documento, no entanto, não abordou nem as formas nem os prazos para acabar com a guerra.
Entre os signatários está Cabo Verde, cujo primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, esteve presente, enquanto o Brasil não assinou o documento, tendo participado com o estatuto de observador.
Estados Unidos, países da União Europeia, Japão, Argentina, Gana, Quénia, Timor Leste, Somália e Quénia estão entre as oito dezenas de subscritores.
África do Sul e Índia também não assinaram o documento.
O grande ausente foi a Rússia, seguida da China.
Mais de dois anos depois da invasão russa, líderes e altos funcionários de mais de 90 Estados passaram o fim de semana num resort nas montanhas suíças, Burgenstock, com vista para o Lago Lucerna, para uma cimeira de dois dias dedicada à resolução do maior conflito europeu desde a Segunda Guerra Mundial.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, saudou o “sucesso” diplomático do evento, para o qual a Rússia não foi convidada.
O caminho estava assim aberto para uma segunda cimeira de paz, com vista a acabar com a guerra com uma solução justa e duradoura, que deve acontecer na Arábia Saudita, que também não assinou a declaração.
“A Rússia e a sua liderança não estão preparadas para uma paz justa”, acrescentou Zelenskyy na conferência de imprensa de encerramento, mas admitiu que "a Rússia pode iniciar negociações conosco ainda amanhã, sem esperar por nada, se deixar os nossos territórios legais".
Entretanto, Moscovo redobrou a sua exigência da rendição efetiva de Kyiv como ponto de partida para as negociações.
No documento final pode-se ler que “alcançar a paz requer o envolvimento e o diálogo entre todas as partes” e, para tal, reafirmou o compromisso com a “soberania, independência e integridade territorial de todos os Estados, incluindo a Ucrânia, dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas”.
O comunicado diz ainda que qualquer ameaça ou uso de armas nucleares na guerra é “inadmissível” e a segurança alimentar “não deve ser transformada em arma”.
A declaração também apela a uma troca completa de prisioneiros de guerra e ao regresso à Ucrânia de "todas as crianças deportadas e deslocadas ilegalmente" e de outros civis ucranianos detidos ilegalmente.
Cabo Verde posiciona-se
Na sua página no Facebook, o primeiro-ministro de Cabo Verde excreveu que o seu Governo "apoia a ordem internacional que respeita a Carta das Nações Unidas e o direito internacional, defendendo sempre a soberania e a integridade territorial dos Estados".
"É com base nestes princípios que desde o início, condenámos firmemente a invasão da Ucrânia pela Rússia e mantemos esta posição", acrescentou Ulisses Correia e Silva, lembrando que "os países menos desenvolvidos são os que sofrem maiores consequências de crises económicas e de segurança alimentar exacerbadas pelo conflito" e que "por isso, nenhum país é indiferente à guerra".
No fim da noite, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil reiterou que desde o início do conflito condenou a invasão russa e continua a defender negociações para acabar com a guerra.
C/AFP