Um grupo de oficiais do exército no Gabão, na Africa Central, afirma ter derrubado o governo do Presidente Ali Bongo. Os responsáveis anunciaram o golpe na manhã desta quarta-feira, 30 agosto, no canal nacional de televisão Gabão 24, momentos depois de a comissão eleitoral do país ter anunciado que o Presidente Bongo tinha ganho um terceiro mandato nas eleições gerais do último sábado.
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O grupo disse que os resultados eleitorais foram invalidados, todas as instituições estatais dissolvidas e todas as fronteiras fechadas até novo aviso.
“Decidimos defender a paz pondo fim ao regime actual”, disse um dos oficiais.
Bongo assumiu o cargo pela primeira vez em 2009, após a morte de seu pai, Omar Bongo, que se tornou Presidente da nação rica em petróleo em 1967.
As eleições de sábado foram ofuscadas pela falta de observadores internacionais, levantando preocupações sobre a transparência. Posteriormente, o governo de Bongo restringiu o serviço de Internet e impôs um recolher obrigatório noturno em todo o país, dizendo que era necessário evitar a propagação de desinformação.
Foram ouvidos tiros em toda a capital do Gabão, Libreville, após a aparição dos oficiais na televisão.
O golpe declarado surge na sequência da derrubada militar do Presidente Mohamed Bazoum do Níger, no mês passado, o mais recente de uma série de golpes na África Ocidental e Central desde 2020.
O Presidente Bongo sobreviveu a uma tentativa de tomada de poder militar em Janeiro de 2019, enquanto se recuperava de uma AVC.
Ali Bongo preso em casa, filho acusado de traição
O Presidente do Gabão, Ali Bongo Ondimba, está detido em casa e um dos seus filhos foi preso por "traição", disseram oficiais militares na quarta-feira, horas depois de anunciarem que tinham derrubado o governo.
“O Presidente Ali Bongo está em prisão domiciliária, rodeado pela sua família e médicos”, disseram num comunicado lido na televisão estatal.
O filho e conselheiro próximo de Bongo, Noureddin Bongo Valentin, o seu chefe de gabinete Ian Ghislain Ngoulou, bem como o seu vice, dois outros conselheiros presidenciais e os dois altos funcionários do Partido Democrático Gabonês (PDG), no poder, "foram presos", disse um líder militar.
Eles são acusados de traição, peculato, corrupção e falsificação da assinatura do Presidente, entre outras acusações, disse ele.