Às portas da quadra festiva muitos angolanos vêm-se sem alternativa para poder passar um final de ano com o mínimo possível à mesa.
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Uns por dificuldades económicas e financeiras, resultante da falta de emprego, adoptam formas mais humildes de festejar.
A crise do petróleo e a desvalorização do Kwanza face ao dólar norte-americano, aliadas à forte dependência da importação de produtos básicos, acentuaram a pobreza dos angolanos e o encarecimento dos produtos.
Em consequência da falta de divisas verificou-se uma redução das importações e, por isso, vários produtos começaram a faltar no país.
Armando Vitanga é um intermediário de negócios há sete anos. Para além de sustentar a sua família tem também na sua responsabilidade a sogra e a sua mãe. Lamenta que com a crise que se instaurou no país a sua situação financeira se agravou, razão pela qual, trabalha apenas para não faltar o pão à sua mesa.
Para este natal, Armando Vitanga, refere que para não decepcionar a família começou a preparação em Novembro.
Há quase dois meses que o preço para comprar um dólar nas ruas de Luanda permanece estável, mantendo-se à volta dos Kz 495 na última semana enquanto o acesso a dólares ou euros nos bancos permanece quase impossível ou com limitações.
O aumento generalizado dos preços dos bens e serviços está a levar a população a adoptar novos hábitos de consumo, sobretudo comprando menos e gastando quase tudo em alimentação.
José Marcelino vive em Viana, no bairro da Estalagem. É designer há seis e também adoptou novas formas devida face a crise, pelo que foi forçado racionalizar nos gastos, apesar de ter uma renda mensal muito baixa.
“Vou fazer tudo o que fôr possível. O que eu tiver vai dar para sustentar a minha família”, disse.
Para Ernesto José, taxista, perspectivar o dia 25 de Dezembro não está fácil, pois que a situação financeira não permite “tantos planos”.
“A pergunta não é fácil responder... Estamos a espera do próprio dia 25. O pouco que conseguirmos vamos levar para nossa família”, explicou.
A Assembleia Nacional aprovou há uma semana o OGE para 2017 que atribuiu ao sector social 38,03 por cento da despesa, 24,26 por cento ao setor dos Serviços Públicos Gerais, 20,05 por cento ao sector da Defesa, Segurança e Ordem Pública.
Em Luanda a actividade de moto-taxi, vulgo kupapata, tem estado a tirar muita gente do desemprego e ajudar no sutento de muitas famílias. A reportagem da Voz da América conversou com alguns cidadãos que percorrem longas distâncias, haja chuva ou sol, frio ou calor para transportarem de motorizadas dezenas de pessoas de um ponto para outro.
Não se ganha muito, dizem, mas é melhor que estar sentado em casa e de braços cruzados testemunhando a sofrimento da família sem nada fazer.
É a necessidade de dar sustento a família que força muitos mototaxistas a sairem do interior do país para procurar uma oportunidade na capital angolana.
Quem abandona temporariamente a família em busca de sustento lamenta esta situação, por um lado, por outro, refere que vale apena o sacrifício, pois que, no final do dia há sempre alguma coisa para sustentar a família.
Apesar da situação económica e financeira díficil por que passa o país, muitos acreditam em dias melhores e auguram uma quadra festiva feliz.
Tal é o caso dos cidadãos expatriados residentes em Luanda. Ania Gonzalez é cubana de nacionalidade, encontra-se a residir na capital angolana há mais de 5 anos. Ela confecciona e comercializa refeições num mercado informal no município de Viana.
Para Ania Gonzalez o futuro é inseguro tanto para Cuba, Angola e para o mundo geral, mas explica que com o pouco que conseguiu poupar vai reunir a família e os amigos em Luanda para à moda cubana festejar o natal.
Manuel Agostinho é motorista de profissão, mas é conhecido nos círculos artísticos como “Tchubila Tango”. Para além de camionista e intermediário de negócios é também músico. Há mais de 4 anos que faz da arte a sua actividade profissional secundária.
Para ele, em Angola é dificil ser músico, respeitado, reconhecido e beneficiar de um apoio para progredir na carreira musical, por isso desempenha outras actividdades a fim de poder sustentar a família. E nesta fase final do ano, o artista do estilo musical mais consumido em Angola, o kuduro, conta que para agradaar a família está tudo preparado, do mesmo modo a agenda da sua carreira artística.