Cabo Verde assinala no próximo dia 5 de Julho o 40º aniversário da sua Independência Nacional. De país considerado inviável pelos negociadores portugueses e por muitos observadores, o arquipélago ascendeu agora à categoria de país de rendimento médio. Esta semana, a VOA apresenta uma série de reportagens sobre o percurso de Cabo Verde. Neste capítulo, relembramos o dia 5 de Julho de 1975 e as dificuldades enfrentadas pelo primeiro Governo, bem como críticas que lhe foram feitas devido à suas opções.
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A proclamação da Independência Nacional a 5 Julho de 1975 foi o concretizar do sonho de muitos homens e mulheres que deram o melhor de si nas matas da Guiné-Bissau sob a liderança do PAICG fundado por Amílcar Cabral, no interior das ilhas e nas comunidades emigradas.
O músico do clássico agrupamento Tubarões Zeca Couto foi um jovem que teve o privilégio de estar no Estádio da Várzea palco do acto central da proclamação da independência, contribuindo inclusive na montagem do material sonoro suporte para os discursos oficiais e outras actividades.
Para Zeca Couto, ouvir o discurso de Abílio Duarte a proclamar a independência e ver a bandeira nacional a ser hasteada foi marcante, já que se dava o pontapé de saída para a construção da nação cabo-verdiana.
Os cabo-verdianos mereciam a independência diz Zeca Couto, opinião corroborada por Pedro Pires, comandante de brigada e que chefiou o Governo nos primeiros 15 anos.
Segundo Pires, mais tarde o terceiro Presidente da República, o arquipélago enfrentava muita pobreza e uma clara ausência de perspectiva de futuro, pois havia desemprego generalizado, sem esquecer a degradação da própria terra, porquanto a cobertura vegetal era praticamente inexistente.
Tendo em conta as inúmeras dificuldades, Pedro Pires diz que em primeiro lugar foi preciso criar condições para a montagem da administração pública, visando a implementação de medidas que passavam pela garantia da segurança alimentar e a criação do emprego público.
No caso particular da saúde, Manuel Faustino, titular da pasta da educação no Governo de transição e ministro da Saúde após a proclamação da independência, afirma que o quadro não era muito animador, porquanto o país possuía dois hospitais e 27 postos sanitários mal equipados e apenas 13 médicos.
Em termos da caminhada feita nos primeiros anos da independência, Faustino, mais tarde ministro do Governo do MpD e actual chefe da Casa Civil da Presidência da República, afirma que muitas medidas tomadas foram adequadas para o momento, mas entende que outras não foram muito acertadas, originando a discordância de certos dirigentes, alguns que acabaram por romper com o regime. Ele apontou a decisão de o Estado controlar tudo.
Apesar de erros e pontos de vista ideológicos diferentes, o que levou alguns cidadãos como ele próprio a deixarem o arquipélago, Faustino afirma que a independência nacional constitui um grande marco para a vida de Cabo Verde, país que hoje vive num regime democrático.