O Partido Republicano está neste momento a fazer face a um dilema que se chama Donald Trump.
Esse dilema envolve cálculos políticos sobre o apoio de Trump dentro das bases Republicanas e a necessidade que têm de atrair eleitores conservadores independentes que se afastaram do partido devido a Trump.
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Esse dilema ficou bem reflectido na semana passada quando o chefe da bancada parlamentar dos Republicanos na Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy se deslocou à Florida para conversações com Trump sobre cooperação na próxima campanha eleitoral legislativa dentro de dois anos.
Isto depois de McCarthy ter publicamente acusado Trump de responsabilidade pelo ataque ao edifício do Congresso o que mereceu insultos de Trump em resposta.
Veja Também Advogados abandonam defesa de Donald Trump a poucos dias do julgamento da impugnaçãoO próximo julgamento de Trump no Senado reflecte também esta ambiguidade entre muitos legisladores Republicanos sobre que posição tomar face à controvérsia em redor do antigo presidente.
É pouco provável que o Senado venha a impugnar o presidente no seu julgamento no proximo dia 8 o que reflecte o peso que Trump continua a ter dentro do Partido Republicano.
Na semana passada 45 dos Senadores Republicanos votaram a favor de uma moção considerando o julgamento de inconstitucional o que é um indicativo claro das dificuldades que existem para o Senado aprovar a impugnação do presidente necessária para o impedir de concorrer de novo a cargos públicos, como desejam os Democratas.
Veja Também Administração Biden confirma forte compromisso militar com IsraelPara a impugnação serão precisos 17 dos 50 votos dos Republicanos e isso para já mostra-se impossível. As razões desta posição da maioria dos Republicanos devem-se talvez a princípios políticos ou jurídicos mas em grande parte deve-se a um cálculo político.
O receio de eleições primárias
Muitos desses Republicanos sabem que vão fazer face a eleições primárias em que os eleitores Republicanos escolhem os seus candidatos às eleições legislativas e opor-se a Trump significa uma batalha com um candidato apoiado pelo ex-presidente
Por exemplo Liz Chenney, a congressista Republicana que condenou publicamente Trump e votou pela sua impugnação na Câmara dos Representantes vai ter que fazer face a um candidato pró Trump nas eleições primárias que antecedem as eleições para o Congresso dentro de dois anos
Os congressistas Republicanos sabem que opor-se a Trump pode ser perigoso pois fazem uma análise fria dos números que indicam claramente que Donald Trump continua a ser uma força enorme dentro do eleitorado Republicano.
Sondagens indicam enorme popularidade de Trump entre os Republicanos
Nas últimas eleições Donald Trump teve mais 11 milhões de votos do que nas eleições anteriores e em alguns estados tem enorme apoio, como por exemplo na Georgia onde 85% dos eleitores Republicanos dizem que continuam a apoiar Trump.
Uma sondagem levada a cabo entre os dias 22 e 25 de Janeiro indica que 81% do eleitorado Republicano tem ainda uma opinião favorável do antigo presidente. Menos de 20% apoiariam uma decisão do Senado de o impugnar e 56% pensam que Donald Trump devia concorrer de novo à presidência enquanto 74% acreditam as declarações de Trump que as eleições foram falsificadas.
Guy Benson editor político do portal Townhall disse que “o partido Republicano no congresso está a tentar ver o que pode fazer sobre isto e não sabem o que fazer”.
Benson disse que embora muitos achem difícil de acreditar “o presidente Trump continua a ser o Republicano mais popular e mais influente no país e não tem qualquer concorrente próximo no que diz respeito aos eleitores Republicanos”.
"O problema para o partido são os independentes e as pessoas que eles têm que trazer de volta para a sua coligação para ganhar controlo da Câmara dos Representantes em 2022 e ganhar o senado em 2022”, disse Benson para quem “esses eleitores estão mais afastados do Presidente Trump.”
“Os Republicanos estão entre a espada e a parede, uma situação em que perdem de um modo ou outro e não têm a certeza do que fazer”, acrescentou.
O antigo congressista Democrata Harold Ford concordou.
“O problema para os Republicanos é este: estão preocupados com as primárias ou preocupados em ganhar eleições?”, interrogou
“É uma decisão que vão ter que tomar”, acrescentou
Este portanto o dilema Trump a que os Republicanos fazem face.
Para j’a Trump é uma força enorme dentro do Partido Republicano que os seus representantes não podem ignorar embora haja quem diga que essa influência irá desaparecer dentro dos próximos dois anos.
O problema é que ninguém pode ter a certeza disso e isso é o dilema presente dos Republicanos.