O décimo segundo congresso do partido no poder em Moçambique iniciou-se sexta-feira devendo culminar com a reeleição de File Nyusi para a presidência do partido.
A sua eleição levanta contudo a possibilidade do próximo candidato da Frelimo à presidência do país em 2024 não seja o presidente do partido já que a Constituição proíbe um terceiro mandato da Presidência da República.
Alguns analistas consideram que apesar de Filipe Nyusi afirmar que não está interessado num terceiro mandato como Chefe de Estado, o facto de ele continuar a ser Presidente da Frelimo, terá muita influência na indicação do candidato do Partido às presidenciais de 2024, tal como fez Armando Guebuza.
Veja Também Oposição moçambicana considera uma coligação para derrotar a FrelimoFilipe Nyusi ainda não disse, pelo menos publicamente, que não quer um terceiro mandato, um assunto que tem sido tema recorrente no debate político moçambicano, com alguns analistas a afirmarem que se isso corresponder à verdade, ele, mesmo assim, terá sempre uma palavra a dizer na escolha do seu sucessor na chefia do Estado, uma vez que ele vai continuar a dirigir a Frelimo.
A Organização da Juventude Moçambicana (OJM), uma das organizações sociais da Frelimo, pediu na abertura do XII Congresso, que Filipe Nyusi fosse o único candidato à presidência da Frelimo, o que mereceu aplausos de alguns congressistas.
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"Tal como se diz que este é o grande congresso de Nyusi, o candidato da Frelimo às eleições presidenciais, também vai ser uma escolha do actual Presidente do Partido", afirmou o analista político Francisco Ubisse.
O jurista e analista político Tomás Vieira Mário, diz ser natural que Filipe Nyusi influencie a escolha do candidato presidencial da Frelimo, tal como tem acontecido no historial da sucessão neste Partido desde o Presidente Joaquim Chissano, mas essa condição não é determinante.
"O Presidente Armando Guebuza fez tudo o que estava ao seu alcance para fazer um terceiro mandato, não conseguiu, mas também quando chegou a vez de se indicar o sucessor, não houve só um, houve três e no fim foram cinco, o que mostra que há muitas forças no Partido que podem influenciar o processo", realçou aquele analista.
O jornalista e analista político Luís Nhachote recordou que Filipe Nyusi quando assumiu a Presidência de Moçambique, enfrentou uma situação de dois centros de poder, uma vez que Armando Guebuza continuava Presidente da Frelimo.
"Mas depois Nyusi afastou Guebuza, Isto para dizer que mesmo que o candidato da Frelimo seja da sua confiança, esse indivíduo também vai reivindicar poder no seio da Frelimo”, disse