O presidente moçambicano, Filipe Nyusi efectuou uma visita-surpresa a posições das forças de defesa e segurança que combatem ataques armados em Cabo Delgado, numa altura em que circulam informações de que Moçambique poderá estar a tentar contratar empresas de mercenários para responder aos problemas de segurança naquela província.
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A visita, aparentemente destinada à moralização das forças de defesa e segurança, ocorreu no passado fim-de-semana, mas só foi anunciada na noite desta segunda-feira, 28, pela Presidência da República, uma vez que não teve a cobertura da imprensa.
Circulam em Moçambique insistentes rumores de que o Governo quer contratar empresas de mercenários do género da do americano Erik Prince, que está a tentar vender os seus serviços por 750 milhões de dólares, para responder à sucessão de assassinatos e incidentes violentos naquele província do norte de Moçambique.
Analistas consideram errada a estratégia de contratar empresas de mercenários, tanto mais que as companhias petrolíferas não estão interessadas nessa opção, tal como foi anunciado num recente encontro, em Londres, em que a questão foi discutida.
Por outro lado, a nível interno, há a percepção de que as forças de defesa e segurança não estão a conseguir conter a acção dos homens armados, que há cerca de uma semana atacaram uma aldeia que fica a sete quilómetros da sede distrital de Palma, adensando a percepção de que são incapazes de controlar a situação, que ocorre há mais de um ano.
Nyusi não abordou a questão da contratação de empresas de mercenários, mas assumiu que há essa percepção de incapacidade, sublinhando, no entanto, que os atacantes, que já mataram mais de uma centena de pessoas e queimaram várias habitações, vão ser combatidos.
Entretanto, nalguns círculos de opinião afirma-se ser necessário evitar tratar os ataques armados em Cabo Delgado como uma questão militar, embora se reconheça que "neste momento, o Estado moçambicano é mesmo obrigado a intervir, porque há violência e ataques a aldeias e a postos policiais".
Para alguns analistas, a questão é que o Governo moçambicano "não está equipado para responder a uma situação de ataques efectuados por pequenos grupos de pessoas, porque não se trata de uma situação de guerra, nem sequer é uma insurreição".
Sabe-se que as companhias petrolíferas que operam na zona de Palma não querem ficar ligadas a qualquer situação de carácter militar, e reiteram o compromisso de continuar a investir naquela região, tal como sublinhou a Alta Comissária Britânica em Moçambique, NneNne Iwuji-Eme, que, recentemente, esteve em Cabo Delgado.
Por seu turno, o vice-Chefe de Missão da Embaixada norte-americana em Maputo, Bryan Hunt, disse que os investidores precisam de ter garantias de que existe um verdadeiro esforço nacional para abordar e travar o extremismo violento recente que interrompeu a paz no norte de Cabo Delgado.
"O objectivo", frisou aquele diplomata, "é estancar as influências e actividades de grupos criminosos organizados envolvidos em tráfico de narcóticos e de vida selvagem, bem como proteger os recursos marítimos e terrestres do país, sejam eles pescas, madeiras ou pedras preciosas, contra aqueles que querem eplorar ilegalmente", reiterando o apoio americano a Moçambique nesse esforço nacional.