O Presidente de Moçambique está a efectuar a sua segunda visita aos Emirados Árabes Unidos em menos de três meses, dominada pela agenda do gás e das confrontações que se registam em Cabo Delgado.
Em determinados círculos especula-se ainda sobre um arranjo com a Privinvest, uma empresa envolvida no escândalo das dívidas ocultas.
Veja Também Meio termo do mandato de Filipe Nyusi divide opiniõesO Médio Oriente, e sobretudo, dado que Moçambique é um país agora produtor de gás, é uma rota incontornável, uma vez que também está lá o Qatar e não só, como grande produtor deste recurso energético.
A Privinvest terá pago vários milhões de dólares a algumas das pessoas que se encontram presas, no âmbito das dívidas ocultas, um escândalo financeiro que lesou o Estado moçambicano em mais de 2,2 mil milhões dólares.
Para o analista político Fernando Lima, a visita do estadista moçambicano aos Emirados Árabes Unidos tem a ver com a agenda do gás e com a agenda ideológica das confrontações a que assistimos em Cabo Delgado.
"Especula-se muito sobre um arranjo com a Privinvest, que tem sede em Abu Dabi, mas tanto quanto eu sei, não há nada neste dossier, mas eu espero que nos próximos dias nós vamos estar mais claros em relação à operação Emirados Árabes unidos", enfatiza Lima
Durante a primeira visita, em Outubro do ano passado, houve promessas de apoio dos Emirados Árabes Unidos à luta contra o terrorismo em Cabo Delgado, e não se sabe se já coisas concretas no terreno, nesse âmbito.
Lima acha que não, "mas, se estivermos atentos, inclusivamente, há equipamento militar comprado numa base comercial, que está a ser utilizado em Cabo Delgado, nomeadamente, meios de transporte, mas pode haver muito mais".
Entretanto, o Presidente moçambicano diz que "actos concretos estão a acontecer e queremos dar andamento àquilo que nós consideramos a nossa acção na luta contra o terrorismo em Cabo Delgado".
Os pequenos Emirados do Médio Oriente são países autocráticos, com muito do poder de decisão nas mãos duma família ou duma pessoa, e então, Moçambique, para o bem e para o mal, tenta explorar esta capacidade de decisão nestes regimes autocráticos que têm muita liquidez, e por isso nos podemos interrogar porque é que os números de Dubai são tão grandes, relativos à economia de Moçambique.
"É muito simples", considera Fernando Lima, avançando que é porque o sistema financeiro do Dubai e muitas das empresas a operarem em Moçambique, formalmente, têm sede no Dubai, sendo por isso que este país tem estes números tão grandes.
Aquele jornalista sénior diz que grande parte da operação no corredor de Nacala, quando a Vale e a Mitsubishi estiveram envolvidas na expansão daquele corredor, foi toda feita no Dubai, o que significa que, nas contas públicas, o Dubai aparece como um grande investidor em Moçambique.
Mas para Lima, "trata-se apenas do formalismo das operações passarem por Dubai, e como na região do Indico, as Maurícias também têm um papel muito relevante porque muitas das empresas que estão baseadas em Moçambique têm sedes formais nas Maurícias".
Nos Emirados Árabes Unidos, Nyusi participa na Semana da Sustentabilidade, com foco na defesa do ambiente, e na qual participam vários líderes mundiais.