Nyusi diz ter ordenado as forças de defesa a perseguir grupo armado em Moçambique, analistas questionam

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, garantiu esta sexta-feira, 15, que o seu Governo está atento aos ataques “sem rosto”, de homens armados, contra alvos civis e militares, que já duram três meses no centro do país e disse ter ordenado às Forças de Defesa e Segurança (FDS) para perseguir o grupo.

Para o analista e professor universitário, Sansão Nhancale, o posicionamento de Filipe Nyusi é meramente administrativo e peca por não estar acompanhado por uma decisão politica, em virtude de os ataques na região sugerirem serem de alçada politica, com um grupo armado que contesta os acordos de paz, assinados entre o Governo e a Renamo.

“Com isso o Governo está a dizer que já negociamos tudo o que devíamos negociar (sobre a paz)” e “as pessoas que nos estão a aparecer aqui sob ponto de vista politico não reconhecemos as suas reivindicações, suas pretensões porque tudo que era para negociar, negociamos com o presidente deles”, sustenta Sansão Nhancale.

Na conversa com a VOA, aquele analista afirmou que alguns ataques foram reivindicados publicamente pela autoproclamada Junta Militar da Renamo, um grupo de dissidentes da Renamo, que contesta a liderança da Renamo e ameaçou com acções militares, para fazer ouvir as suas reivindicações, que incluem a renegociação dos acordos de cessação das hostilidades militares e paz, assinados em Agosto.

Já o activista social Vasco Sitoi observa que a decisão de “perseguir” o grupo de atacantes pode ser uma mensagem “de que não há espaço para renegociar a paz”, pois a Policia já veio atribuir os ataques à Renamo e ao seu grupo de dissidentes, a autoproclamada Junta Militar da Renamo.

No seu primeiro pronunciamento, sobre as incursões armadas que iniciaram em Agosto, Filipe Nyusi disse o país não pode viver em conflitos eternos, sustentando que “nós não queremos um país de guerra”.

“Há sinais evidentes de que há gente que está a fazer ataques nesta região (Gorongosa), incluindo nas regiões de Gondola e Dondo”, reconheceu Filipe Nyusi em comício popular na Gorongosa.

Os ataques começaram há três meses e já provocaram pelo menos 12 mortos e vários feridos, incluindo agentes das Forças de Defesa e Segurança, segundo informações oficiais.

A Polícia moçambicana responsabilizou a Renamo pelos ataques, mas o principal partido da oposição atribuiu as investidas armadas a um grupo de seus dissidentes, a autoproclamada Junta Militar, fundada e dirigida por Mariano Nhongo.

Contudo, o líder da atoproclamada Junta Militar, Mariano Nhongo, tem negado a autoria de todos os ataques.

Em Setembro, Nhongo anunciou a pretensão de iniciar a renegociação dos acordos com o Presidente moçambicano.