Nyusi diz que se candidatos presidenciais não aceitarem o diálogo "não querem fazer parte da solução"

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Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique, no seu último Informe Anual sobre a Situação Geral da Nação, Mapujto, 7 agosto 2024

Presidente moçambicano afirma não permitir interferência externa nos assuntos do país

O Presidente de Moçambique diz aguardar a resposta dos candidatos presidenciais à proposta de diálogo entre os quatro que fez na terça-feira, 19, na mensagem ao país e reiterou que as soluções para os problemas nacionais têm de ser encontradas pelos moçambicanos.

"Se não aparecerem é porque não querem fazer parte da solução", afirmou Filipe Nyusi aos jornalistas no regresso da Cimeira da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) que se realizou ontem em Harare, Zimbabwe.

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Ele reiterou o convite ao diálogo, no entanto, antes, o porta-voz, Marcial Macome, disse que o partido não recebeu qualquer convite formal do Chefe de Estado e não sabe qual é a agenda desse encontro e que o partido só participará numa eventual reunião depois de o Conselho Constitucional decidir pela anulação das eleições e "pensar-se num modelo de Governo de gestão do país’’.

Por seu lado, o presidente do Podemos, Albino Forquilha, que apoiou a campanha de Mondlane, afirmou que não vê matéria para o encontro porque defende "a recontagem transparente dos votos”.

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Quanto à cimeira de Harare, em que participaram apenas quatro presidentes dos 16 membros da SADC, Filipe Nyusi afirmou ter deixado “claro que Moçambique não irá permitir que pessoas de fora controlem as nossas decisões" e sublinhou que “o futuro de Moçambique será moldado pelos próprios moçambicanos”.

Por isso, pediu aos “amigos e parceiros de cooperação internacionais, aqueles que são genuinamente amigos (...), a serenar este ambiente".

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Entretanto, Maputo viveu hoje o segundo dia de protestos convocados por Venâncio Mondlane com buzinões e protestos em silêncio.

Por outro lado, a candidatura dele interpôs junto do Conselho Constitucional moçambicano um recurso a pedir a nulidade da votação no círculo eleitoral do Zimbabué alegando que 296.519 zimbabweanos “votam sem ter capacidade eleitoral ativa”.

O recurso apresentado por Judite Simão, mandatária de Mondlane, cita os dados do relatório da Southern Africa Human Rights Lawyers High Comission Mozambique, que refere que aquele número de cidadãos zimbabweanos votou “ilegalmente”.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) conformou o registo de 331.939 pessoas para votar a 9 de outubro, tendo a África do Sul 215.831 eleitores daquele total.