O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, descarta a possibilidade de negociar o fim da violência armada em Cabo Delgado e interroga-se onde é que está a liderança da insurgência para o diálogo.
Analistas políticos sustentam que há que ter contactos.
O estadista moçambicano falava a jornalistas a propósito da operação militar Vulcão IV, desencadeada pelas forças moçambicanas e internacionais, para desalojar os insurgentes das suas principais bases no norte do país e reconheceu que a batalha é longa.
Veja Também Novos ataques agravam drama humanitário em Cabo DelgadoNyusi disse que como resultado do trabalho da inteligência militar, já se sabe que o chefe dos insurgentes chama-se Bin Omar, e é moçambicano, mas peguntou "onde está ele para se dialogar?".
Entretanto, alguns analistas políticos entendem que neste momento, em que está em curso uma ofensiva militar, de algum modo bem sucedida, pode ser problemático falar de negociação, sobretudo para as pessoas que se opõem ao diálogo.
Veja Também Filipe Nyusi diz que líder dos insurgentes é moçambicanoPara Fernando Lima, algumas pessoas têm na cabeça que quando se fala em negociação se está a sugerir o formato negocial de Roma entre o Governo e a Renamo, mas o que se passa em Cabo Delgado, nada tem a ver com a guerra da Renamo.
Contudo, Lima defende que em algum momento tem que haver contactos, "e tem que haver uma resolução de como um conflito desta natureza vai acabar".
Veja Também Regresso da TotalEnergies a Cabo Delgado pode ter várias implicações com forte impacto financeiroPor seu turno, o investigador e analista social João Feijó considera que a situação de Cabo Delgado é complexa e sublinha ser necessário alargar o seu debate a muitas outras forças da sociedade moçambicana.
Ele diz haver problemas relacionados com a exclusão social, aumento das desiguldades e penetração violenta do grande capital, "em prejuízo das comunidades locais que se sentem desprotegidas pelo Estado em relação às pessoas que vêm de fora".
O membro da Comissão Política do MDM, na oposição, Celestino Bento, diz que todas as guerras se resolvem através do diálogo, e no caso de Cabo Delgado, é preciso identicar os seus mentores, para possíveis contactos.
Mas o sociólogo e analista político Moisés Mabunda, é de opinião que "não há nada a negociar, porque terrorismo é uma agressão ao Estado, aos valores sociais e à própria vida humana".
Desde Outubro de 2017, a província de Cabo Delgado tem sido assolada por uma onda de insurgência de inspiração islâmica que já deixa cerca de quatro mil mortes, segundo diversas fontes, e quase um milhão de deslocados.
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