No seu último Informe Anual sobre a Situação Geral da Nação, apresentado nesta quarta-feira, 7, Filipe Nyusi afirmou sair "com sentimento de missão cumprida que entregamos este país reconciliado”, embora reconheça que o terrorismo ainda persiste em Cabo Delgado.
Ao falar no Parlamento, o Chefe de Estado destacou que “nestes 10 anos, Moçambique conquistou a confiança da comunidade internacional e dos seus parceiros de cooperação, BM e FMI”.
Ao fazer uma radiografia dos seus dois mandatos, Nyusi atribuiu-se o sucesso nos campos da paz e reconciliação, diplomacia, prevenção de riscos de desastres, infra-estruturas e serviços e, por fim, exploração de hidrocarbonetos.
Acordo de Paz
"Quem conheceu o horror da guerra não pode ficar indiferente”, apontou o Presidente destacou o tempo que e as vezes em que se reuniu com o líder da Renamo, Ossufo Momade, para encontrar caminhos que pusessem fim ao conflito.
“Aquando da nossa tomada de posse em 2015, o nosso compromisso foi claro. Passo a citar: podem estar certos, caros compatriotas, que tudo farei para que em Moçambique jamais um irmão se volte contra o seu irmão”, afirmou Nyusi, acrescentando que como resultado foi assinado, a 6 de Agosto de 2019, o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional e mais tarde concluído o processo de desarmamento e desmobilização dos antigos combatentes da Renamo.
Apesar desse processo ter exigido "muito tempo e paciência", segundo ele, "não existe atalho” e foi necessário "envolver todos os moçambicanos em todos os processos”.
Em jeito de conclusão dessa etapa, o Chefe de Estado moçambicano sublinhou que "com profunda emoção e sentimento de dever cumprido, entregamos o país totalmente reconciliado", enfatizando, no entanto, que "esta paz não é do Governo ou da Renamo [...] é de todos os moçambicanos".
Terrorismo em Cabo Delgado
Em relação ao conflito em Cabo Delgado, Nyusi reconheceu que "ainda não fomos capazes de eliminar total e definitivamente o terrorismo no norte de Moçambique [...], mas conseguimos conter e fazer recuar estas ações".
Ele destacou o facto de o seu Governo ter "combinado a resposta militar com soluções económicas que trouxeram esperança aos jovens" e considerou de "experiência ímpar", o envolvimento combinado das forças da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e do Ruanda.
No capítulo da diplomacia, Nyusi apontou o fortalecimento das relações diplomáticas com outros países, a eleição do país como membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a nomeação de membros dos partidos na oposição aos cargos de embaixadores.
Reconhecimento internacional
“Nestes 10 anos, Moçambique conquistou a confiança da comunidade internacional e dos seus parceiros de cooperação, BM e FMI”, acrescentou Nyusi e, por isso, sublinhou que "os países que ontem não levantavam a cabeça para olhar para Moçambique, hoje o fazem com muita atenção”.
No discurso ainda destacou que o seu Governo deu muitas propostas de combate e redução de riscos de desastres e investiu muito na defesa do ambiente, investiu em infraestruturas e a taxa de cobertura de eletricidade mais do que duplicou entre 2015 e 2024.
Filipe Nyusi termina o seu segundo mandato em janeiro, quando toma posse o Presidente que foi eleito a 9 de outubro.