Número de refugiados é o mais alto da história

Tendas no campo de refugiados moçambicanos no Malawi.

Relatório divulgado hoje revela que em 2015 havia 65, 3 milhões de refugiados.

O número de pessoas forçadas a se deslocarem pelo mundo por conflitos, perseguição, violações de direitos humanos ou violência de forma geral superou todos os anos anteriores em 2015, atingindo os 65,3 milhões.

Muitos saíram de condições deploráveis para enfrentarem no caminho muros, xenofobia e leis mais estritas contra a imigração, disse o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

Filippo Grandi revelou que, desde 2011, quando começou a guerra na Síria, o número aumenta ano após ano, de acordo com as estatísticas, e registou um aumento de 9,7 por cento em comparação a 2014, depois de uma estabilidade entre 1996 e 2011.

Esta é a primeira vez que a quantidade de deslocados supera os 60 milhões de pessoas

“Vivemos num mundo desigual, há guerras, conflitos, e é inevitável que as pessoas queiram seguir para um local mais seguro”, disse Grandi durante a apresentação do relatório, em Genebra, publicado no Dia Mundial do Refugiado, que se assinala nesta segunda-feira, 20.

Jan Egeland, secretário-geral da ONG Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC), que ajudou na elaboração do documento, afirmou que os refugiados são vítimas de uma paralisação geral dos governos em todo o mundo, que renunciam a suas responsabilidades.

De acordo com Grandi, a maioria das crises que empurram os deslocados para o exílio são as mesmas, ano após ano, com a Síria como principal conflito no mundo.

Entretanto, em 2015 surgiram novas situações de emergência, do Burundi ao Sudão do Sul e o Afeganistão.

Grandi indicou que catualmente os afegãos são o segundo grupo de refugiados mais numerosos em todo o planeta, atrás apenas dos sírios, que somam quase cinco milhões de pessoas.

Dados

O número de refugiados, pessoas obrigadas a deixar o seu país, subiu a 21,3 milhões, e a quantidade de deslocados que migraram dentro das fronteiras de seu próprio país chegou a 40,8 milhões.

Os demais são 3,2 milhões de demandantes de asilo nos países ricos.

Segundo o Acnur, “um em cada 113 seres humanos no mundo hoje está desarraigado, é demandante de asilo, deslocado interno ou refugiado”.

Das 65,3 milhões de pessoas, 16,1 milhões dependem do Acnur, o maior número em 20 anos, enquanto os demais são 5,2 milhões de refugiados palestinos.

Em 2015, mais da metade dos novos refugiados, equivalentes a um milhão de pessoas, procediam da Síria.

No final do ano passado, 55% dos 16,1 milhões de refugiados que dependem do Acnur estavam na Europa ou na África subsaariana.

No total, apenas na África há 4,41 milhões de refugiados, um aumento de 20 por cento, procedentes principalmente da Somália, Sudão do Sul, República Democrática do Congo e República Centro-Africana.

A Europa é o segundo continente que recebe mais refugiados, com 4,39 milhões, o que representa um aumento de 43 por cento.

A Turquia é o país que recebe mais refugiados, com 2,5 milhões de pessoas, seguida por Paquistão, com 1,6 milhão, e Líbano, com 1,1 milhão.