O coordenador-geral da Comissão Instaladora do Partido do Renascimento Angolano-Juntos por Angola (PRA-JA-Servir Angola), Abel Chivukuvuku, informou na passada quinta-feira, 30, que o Tribunal Constitucional (TC), pela segunda vez consecutiva, indeferiu o reconhecimento do seu projeto político e promete recorrer ao plenário da corte.
Analistas falam em perseguição de natureza política contra Chivukuvuku e aconselham-o a procurar alternativas.
Na nota a que a VOA teve acesso, assinada no dia 17 de abril, pelo juiz-presidente do TC, Manuel Aragão, o tribunal rejeita a inscrição do PRA-JA- Servir Angola, e, em consequência, cancela o credenciamento da sua Comissão Instaladora.
Ilídio Manuel, jornalista, acredita que Abel Chivukuvuku esteja a ser vítima de uma perseguição política, por ser uma ameaça ao partido no poder instituído.
“Custa acreditar que esses documentos que foram inclusive ratificados pelas instituições do Estado, ou seja, pelos cartórios, não tenham tido respaldo legal”, considera Manuel, sublinhando que “tudo aponta para o preço elevado, do ponto de vista político, que Chivukuvuku terá de pagar”
“Conhecemos Chivukuvuku como um político bastante hábil e sabe-se que com um partido político, ele irá atrapalhar as contas do MPLA, que em boa verdade, não goza de uma boa posição em termos de popularidade”, acrescenta aquele analista.
Para o cientista político Rui Kandove, com esta decisão, só com um milagre Chivukuvuku poderá concorrer em pé de igualdade com MPLA e a UNITA.
“Com 63 anos de idade, na prática, Chivukuvuku fica afastado do cenário político com esta decisão do Tribunal Constitucional. Só se acontecer um milagre é que Abel Chivukuvuku vai concorrer em pé de igualdade com o MPLA e a UNITA, o que é muito pouco provável”, alerta Kandove, que aconselha Chivukuvuku a preparar novos líderes.
“Talvez agora faça mais sentido, Abel Chivkukuvuku, considerando esta impossibilidade de estar no jogo político, treinar jovens com a sua forma e seus ideais para que no futuro os jovens defendam os seus ideais”, reforça.
Entretanto, na leitura do jurista Walter Ferreira as constantes rejeições do projeto de Chivukuvuku cria nele “transtornos do ponto de vista emocional e pessoal”.
Ferreira acrescenta ainda que Angola precisa de uma terceira via, que deve ser uma terceira via “com mais jovens devido à transição geracional que o país vive”.
Refira-se que desde a eleição de João Lourenço, nenhum partido político foi legalizado em Angola.