O ministério público angolano está a ser desafiado pela sociedade civil para provar a sua independência do poder politico e avançar com uma investigação profunda sobre as denúncias de desvios milionários na Sonangol, a maior empresa estatal do país.
Para falar sobre o assunto, ouvimos o jurista Domingo João, o presidente da Associação Mãos Livres, Salvador Freire dos Santos e João Castro, coordenador da Liga Internacional de Defesa dos Direitos Humanos e Ambiente.
A troca de acusações entre a actual administração da Sonangol e a empresária Isabel dos Santos, está a revelar-se num escândalo sem precedentes, que envergonha os angolanos agravando, ainda mais, a imagem do país no exterior.
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Em causa está o lavar da roupa suja em plena praça pública e o desvendar de informações que comprometem a credibilidade das instituições do pais, a julgar pelas revelações de desvios de milhões de dólares a partir da maior empresa estatal angolana.
As denúncias feitas por Carlos Saturnino, actual Presidente do Conselho
de Administração da Sonangol contra a gestão de Isabel dos Santos, vem
confirmar os receios levantados pela sociedade civil e pelos partidos políticos na oposição.
Isabel dos Santos já veio a público reagir e considera as acusações contra a sua gestão, como sendo, completamente infundadas e disse estar "confortável" com o inquérito aberto pela Procuradoria-Geral da República de Angola e desafia o Presidente da Sonangol a demitir-se.
A filha do ex Presidente da República vai mais longe, e acusa Carlos
Saturnino, de “procurar buscar um bode expiatório, para esconder o passado negro” da empresa e o que classifica de “falência” como encontrou a Sonangol.
Os angolanos acompanham com alguma apreensão, mais esta novela que se
junta a outras, envolvendo o desvio de milhões de dólares, cujos protagonistas são figuras ligadas ao partido no poder e esperam, "como São tomé, que desta vez as autoridades judiciais sejam implacáveis na investigação e julgamento dos factos contra o assalto que está a ser alvo o património do Estado".
O jurista Minguito João afirma que as denúncias sobre a gestão da Sonangol, confirmam um crime de natureza público, sublinhando que Isabel dos Santos ainda goza da presunção de inocência, mas não deve atrapalhar o processo de investigação.